Ubá – Manga Ubá


Imagem: Prefeitura Municipal

A Manga Ubá foi registrada pela Prefeitura Municipal de Ubá-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Ubá-MG
Nome atribuído: Manga Ubá
Localização:  – Ubá-MG

Descrição: A “Manga Ubá” é dos mais antigos e espontâneos ícones da cidade. O saboroso fruto identifica Ubá como também a cidade identifica a manga. E não há ubaense que não se orgulhe disso.
A seguir, transcrevemos o texto introdutório do dossiê produzido pelo Conselho do Patrimônio e que após intenso trabalho de pesquisa, culminou com o fruto sendo oficialmente declarado “Patrimônio Natural de Ubá” e a “Mangada de Manga Ubá”, registrada como “Patrimônio Imaterial do Município”. (Decreto Nº 4.258,, de 13 de dezembro de 2003.
Não se conta a história de uma cidade apenas através do tijolo, cal e cimento de seus prédios e monumentos históricos. Além dos bens de natureza material com valor histórico existente em uma cidade, vale ressaltar também o patrimônio cultural de natureza imaterial. O conceito de preservação começa a se expandir, protegendo e conservando não só o monumental (as edificações de valor arquitetônico e/ou histórico) como também a importância do patrimônio natural – o paisagístico – e patrimônio imaterial ( tradições de um povo, festas populares, gastronomia, etc).
Surge na compreensão moderna da conservação dos bens culturais a serem preservados o conceito de “memória gustativa” , fortalecendo a identidade cultural das comunidades centenárias das Minas Gerais. O queijo de Minas, por exemplo, é parte significativa do rico patrimônio histórico do povo das Gerais.
Dentro deste contexto de ampliar o conceito de patrimônio, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Ubá iniciou no ano de 2002 um trabalho de pesquisa sobre a Manga Ubá e o seu saboroso doce: a mangada . Uma das competências do Conselho do Patrimônio (conforme seu regimento interno aprovado pelo Decreto nº 3985, de 31-05-2001) é o de “promover e preservar a herança cultural do Município). A Mangada produzida em Ubá também faz parte de nossa herança cultural.”
O ponto de partida deste estudo foi o reconhecimento do Poder Público que instituiu o Dia da Manga Ubá , através da Lei Municipal nº 2.827 (de 08.07. 98). De acordo com a legislação , o “Dia da Manga Ubá” deve ser comemorado , anualmente, no “segundo Sábado do mês de dezembro”.
A Manga Ubá já carrega o próprio nome do centenário município da Zona da Mata Mineira, também conhecido no campo econômico como “Pólo Moveleiro”. E no campo cultural, Ubá é conhecida, nacionalmente, como “a terra de Ary Barroso”.
Como bem definiu o ex-Secretário de Estado da Cultura de MG, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, “a Cidade identifica a manga e a manga identifica a cidade… Só em Ubá é que a comunidade ubaense sabe fazer o doce saboroso dessa maneira…”.
Outra etapa deste trabalho visando ao reconhecimento da Manga Ubá como Patrimônio Natural e o registro da Mangada como Patrimônio Imaterial foi o levantamento das referências históricas das doceiras na comunidade ubaense. A cidade carrega essa tradição da “memória gustativa” desde a década de 30, conforme registro da historiadora Clotilde Batista Vieira. Em seu livro História de Ubá para as Escolas , Clotilde registra: “… A mangada mais saborosa do Brasil, amarela como ouro e saborosa como um manjar do céu nasceu com Dona Risoleta Costa de Souza, em 1935”.
Nas décadas de 60 e 70, a produção caseira de mangada em Ubá obteve reconhecimento e projeção com as doceiras da família Martins: Dona Paula Martins Lanna, Dona Glorinha Antunes Martins e Dona Paula Martins Rocha. Posteriormente, vamos encontrar a produção industrial, através da empresa FRUTUBÁ, que funcionava no bairro São João. Atualmente, estão cadastrados no escritório local da EMATER-MG cerca de 15 micro-agroprodutores que fabricam e comercializam a saborosa mangada da manga Ubá.
Acreditando que ações de cultura e educação devem estar interligadas , acompanhamos também neste trabalho de reconhecimento da Manga Ubá o bem sucedido projeto de educação ambiental intitulado “Campanha da Manga Ubá ? Preservar para não acabar. Plante – não corte!” . Desenvolvido pelo Centro de Estudos Puris em parceria com a Prefeitura Municipal de Ubá, IEF, CMU, Emater, Codema e 38ª Superintendência Regional de Ensino, o projeto educativo teve início com concurso de frases sobre o tema ?Manga Ubá? , com cerca de cem alunos participantes (no ano 2000). O projeto agora chega à quarta etapa, com a inauguração da primeira unidade demonstrativa, através do plantio de cem mudas de pés de manga ubá em uma propriedade rural. A meta do projeto é a de conseguir o plantio, ainda este ano, de 4 mil pés de mangueira.
A partir do reconhecimento da Manga Ubá como herança cultural de nosso Município, como preservar este patrimônio cultura ? A comunidade é a verdadeira responsável e guardiã de seus valores culturais. O patrimônio cultural pertence à comunidade que produziu os bens culturais que o compõem. Não se pode pensar em proteção dos bens culturais, senão no interesse da própria comunidade a que compete decidir sobre a sua destinação, no exercício pleno de sua autonomia e cidadania.
Fazemos nossas as palavras da educadora Maria dos Anjos Martins Moreira ( filha da doceira Dona Glorinha Antunes Martins), em sua crônica intitulada “O Pé de Manga do Quintal’ : “Sonho ver em cada pedacinho de terra ubaense, um pé de manga, majestoso, solidário, dando aos que passam, sem cobrar nada, o mel dourado de sua fruta”.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Histórico do município: A palavra Ubá, em tupi-guarani, significa canoa de uma só peça escavada em tronco de árvore. É também o nome popular da gramínea “Gynerun Sagittatum”, da folha estreita, longilínea e flexível, em forma de cano, utilizada pelos índios na confecção de flechas de caça e combate, e encontradas em toda a extensão das margens do ribeirão que corta a cidade. O nome do Rio Ubá se deu justamente pela existência dessas gramíneas.
A colonização da bacia do Rio Pomba deu-se, inicialmente, a partir da decadência das atividades de mineração. Em fins do século XVIII e início do século XIX, várias famílias deixaram Mariana, Ouro Preto, Guarapiranga e outros centros de extração à procura de terras férteis e propícias à agricultura, onde pudessem desenvolver atividades de renda mais estável e segura.
As regiões banhadas pelo Rio Turvo, Chopotó, Pomba e outros, eram assediadas devido à ocorrência de florestas que prestaram à extração de madeira e que até então eram habitadas pelos índios (chopós, croatos e puris) e aventureiros. Esses, fundaram fazendas, que prosperaram e deram início à formação de núcleos de população, hoje, cidades florescentes, entre as quais, a cidade de Ubá.
Em novembro de 1767, o Padre Manoel de Jesus Maria foi encarregado de catequizar os índios, preparando as bases para a entrada dos donos de sesmarias, a partir de 1797, iniciando assim a organização de um grande aldeamento central.
No período de 1797 à 1798, foram doadas as primeiras sesmarias, localizadas em terras desocupadas e situadas nas cabeceiras, encostas e margens do Rio Ubá. Nesta época, Bernardo Antônio de Lorena, do conselho de sua majestade, rei D. João VI, era governador da capitania de Minas Gerais.
Em 1805, o capitão Mor Antônio Januário Carneiro, natural de Calambau e seu cunhado, comendador José Cesário de Faria Alvim, adquiriram várias sesmarias até então pertencentes ao Município de São João Batista do Presídio, hoje, Visconde do Rio Branco, trazendo suas famílias, escravos e rebanhos. Fundaram, assim, a atual cidade de Ubá.
Neste período, segundo acordo firmado entre o Vaticano e os reis católicos, quando fosse fundada uma povoação nos países colonizados, em primeiro lugar deveria ser construída um igreja como marco inicial.
Enquanto os primeiros donos das terras situadas às margens do Rio Ubá se preocupavam com suas fazendas, Antônio Januário Carneiro idealizou fundar uma povoação. Seu primeiro passo foi liderar um movimento para assinar a petição requerendo o alvará para a construção da igreja, a qual deveria ser provida de parâmetros para que pudesse ser consagrada ao seu orago (santo de invocação que dá nome à capela).
Para promover esta povoação, o capitão Mor trouxe todos os operários necessários para a construção da igreja, dando-lhes pequenas glendas de terras, moradia e alimentos, enquanto não pudesse ter abastecimento próprio pelo cultivo da terra. Foi também por seu intermédio, que dezenas de famílias vieram em princípio do século XIX, para o povoado que estava se formando, como os Vieira de Andrade, Faria Alvim, Ferreira Valente, Martins Pacheco e outros mais.
A capela foi construída sob a devoção de São Januário. Com o crescimento do arraial foi elevada à Paróquia de São Januário de Ubá em 07 de abril de 1841. O desenvolvimento do povoado se deu gradativamente ao redor da Paróquia e em direção à estrada que levaria à Guarapiranga, onde foram edificadas as primeiras residências em sapé. Esse povoado recebeu o nome de São Januário de Ubá. Devido ao desenvolvimento da paróquia e das atividades dos habitantes, principalmente a cultura do café, em 1854 o povoado recebeu o foro de Vila e, em 1857, foi elevada à categoria de cidade com o nome de Ubá.
Nesse período colonial, a terra tinha pouco valor, pois tudo estava por fazer e o produto primário era o grande objetivo da transformação, tornando a mão-de-obra do campo a principal fonte de renda. O escravo tornou-se peça fundamental para o desenvolvimento agrícola da região, chegando a valer nessa época, mais do que 30 alqueires de terra.
Somente após 1810, houve incentivo ao tráfico de escravos que, com sua capacidade de cultura à terra e seu adestramento nos trabalhos da Casa Grande, contribuíram bastante para a economia cafeeira de Ubá.
A chegada dos imigrantes italianos proporcionou um aumento nas diversas culturas, principalmente na fumageira. A imigração ocorreu em duas épocas distintas e procedências diferentes:
– A primeira fase correspondeu ao ingresso de imigrantes provenientes do sul da Itália que traziam como vantagem sua variadas profissões: artesãos, alfaiates, comerciantes, operários, ferreiros, caldeireiros e marceneiros. Contudo, não eram agricultores, mas colaboravam, e muito, para a melhoria da cidade de Ubá, que, na época, não contava com luz, calçamento, saneamento básico, como todas as demais cidades da Zona da Mata.
– A segunda fase correspondeu à chegada de imigrantes provenientes do norte da Itália, que chegaram aqui somente após a abolição da escravatura em 1888. Ao contrário dos primeiros, esses eram camponeses organizados e disciplinados que vieram substituir o trabalho escravo, dando a Ubá um novo impulso econômico.
Os imigrantes tiveram importantes participações na evolução do município sob os aspectos político, econômico e social, tendo sido um dos poucos municípios do estado, onde os italianos permaneceram após a crise agrícola no país, com a queda do preço do café. Nesta época, houve grande fuga dos colonos, principalmente italianos, que saíam do Estado de Minas Gerais em direção ao Estado de São Paulo.
Aproveitando a baixa geral dos imóveis, adquiriram grandes extensões de terra. Compravam fazendas e subdividiam-nas em várias propriedades, fato que gerou grande atração aos colonos vindos de outras regiões.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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1 comments

  1. Braz Porphirio de Souza |

    Muito boa a matéria sobre nossa manga de Uba que se tornou patrimônio municipal de Ubà.

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