Vassouras – Fazenda do Pocinho


Imagem: Inepac

A Fazenda do Pocinho, em Vassouras-RJ, foi tombada por sua importância arquitetônica, histórica e cultural.

INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Fazenda do Pocinho
Processo de Tombamento: E-03/38.239/78
Localização: Ipiranga – Vassouras-RJ
Tombamento Provisório: 15/02/1979
Tombamento Definitivo: 09/11/1987

Descrição: A fazenda do Pocinho, hoje transformada em ruínas, está situada às margens do rio Paraíba do Sul, a meio caminho entre as cidades de Barra do Piraí e Vassouras. Suas terras são cortadas pela rodovia estadual RJ-137, que lhe dá acesso, conhecida como estrada Ipiranga, nome do bairro onde se localiza.
Em quase toda a sua extensão, a estrada de terra batida encontra-se em condições precárias de tráfego.
Um ramal da estrada de ferro da RFFSA passa aos fundos do que restou das edificações do antigo conjunto, acompanhando o percurso do rio, sendo que do outro lado do seu leito segue paralela a rodovia BR-393. Apesar de mais próxima ao centro da cidade de Barra do Piraí, Pocinho pertence ao município de Vassouras. A área edificada tem como um de seus limites laterais o ribeirão do Pocinho que deságua, logo adiante, no Paraíba. A paisagem no seu entorno encontra-se bastante degradada e reflete a decadência do sistema agro-industrial na região e, consequentemente, das terras que outrora tanto contribuíram para a produção de riquezas no Brasil – Império.

As imagens captadas do Google Earth retratam com exatidão a ambiência do sítio natural e o que restou das edificações do antigo conjunto arquitetônico composto por engenho, tulha, casa-sede, senzalas, terreiros e edificações de apoio, que até recentemente resistiram ao abandono e às intempéries.
Aos poucos, a ocupação urbana vem transformando o ambiente rural. A proteção do sítio, como um todo, encontra-se ameaçada hoje, não apenas pelo desinteresse dos atuais proprietários e ações cometidas contra a sua preservação e tombamento – que contribuíram efetivamente para o arruinamento – mas também por projetos de alargamento da antiga estrada, cujo leito ainda passa sob a estrutura do antigo aqueduto, colocando em risco um dos poucos elementos que marcam de forma despretensiosa, como referência histórica, aquela paisagem.

A Fazenda Pocinho foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural há aproximadamente 30 anos, a pedido dos seus proprietários de então, herdeiros e descendentes do Barão de Guaraciaba, preocupados com o seu destino e determinados a tê-la reconhecida como patrimônio histórico e cultural fluminense. Na ocasião, conforme consta da documentação dos arquivos do INEPAC, o conjunto apresentava problemas naturais de manutenção, mas encontrava-se íntegro, resistindo às mudanças e demais impactos causados pelo contínuo esvaziamento econômico do Vale, após a crise do café.
Como conhecedora da história local, melhor análise tipológica não poderia ser feita senão pela arquiteta e especialista Isabel Rocha Ferreira, que vem dedicando-se ao estudo das fazendas da região desde o final da década de 70. Do relatório redigido em 2002, a pedido do INEPAC, anteriormente ao trágico incêndio ocorrido no local, em 2003, e a atual situação de arruinamento, extraímos:
“O seu terreiro de café, forma muito claramente o quadrilátero funcional descrito por Stanley Stein como modelo adotado pela arquitetura rural das fazendas de café no Vale do Paraíba. Em torno dele ficariam os engenhos, as tulhas, a casa-grande, as senzalas e os serviços necessários para o funcionamento da unidade agro-industrial. Curiosamente, sua casa grande não foi construída, tendo sido adaptada uma ala da senzala para moradia. As demais edificações citadas foram concluídas, destacando-se o engenho de café, com seus três andares em madeira, dentro de uma elegante construção clássica, que se destaca do conjunto por sua altura”
”Ladeavam o engenho de café, à direita o terreiro – em direção à moradia –, os depósitos e tulhas, à sua esquerda, os engenhos de grãos e farinhas (além da desnatadeira), cujos maquinários sobreviveram até passado recente. Na ala maior do terreiro ficava a moradia, simples e rústica, lembrando a não construção da casa grande que ficaria no espaço reservado do outro lado do terreiro e fronteiriço ao engenho de café e ao rio Paraíba do Sul. Comprova isto o embasamento existente neste trecho, mais alto que o terreiro e com vista privilegiada para o citado rio e para a estrada de ferro (Central do Brasil) que passa muito próxima às construções”.
“Do outro lado da moradia, as senzalas, originais, sem terem sofrido as modificações típicas ocorridas com a abolição da escravatura, compunham-se de quartos retangulares, com as portas de acesso voltadas para a varanda que contornava o terreiro. O acesso principal era feito por portão de ferro, sustentado por duas colunas de pedra, que se abria na varanda no exato ponto de encontro entre o engenho e a senzala”.
Fonte: Inepac

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