Uberlândia – Conjunto Paisagístico Praça Tubal Vilela
O Conjunto Paisagístico Praça Tubal Vilela foi tombado pela Prefeitura Municipal de Uberlândia-MG por sua importância cultural para a cidade.
Prefeitura Municipal de Uberlândia-MG
Nome atribuído: Conjunto Paisagístico praça Tubal Vilela (1,50ha)
Localização: Praça Tubal Vilela – Centro – Uberlândia-MG
Decreto de Tombamento: Decreto n° 9.676/2004, de 22/11/2004.
Livro do Tombo Histórico: Inscrição IX, pág. 12.
Descrição: A Praça Tubal Vilela é parte dos projetos urbanísticos elaborados no final do século XIX objetivando a construção de uma cidade moderna. No ano de 1898, o engenheiro da Mogiana, o inglês, James John Mellor que estava na cidade para implantação da estação ferroviária, foi contratado pela comunidade para desenhar a planta do espaço urbano que ficou conhecido como a “Cidade Nova”.
O projeto previa a abertura de seis avenidas entre a parte mais antiga da cidade e a Estação da Mogiana. O quarteirão mais central dessa expansão, atual Praça Tubal Vilela, foi destinado à construção de um jardim, que recebeu o nome de Praça da República. Este local era usado, anualmente, para encontro de grupos de congado que se dirigiam à Igreja do Rosário, situada nas proximidades e, nos anos de 1915, fora utilizada como campo de futebol.
Entre os anos 1912 – 1922, a cidade teve como administrador o Sr. João Severiano Rodrigues da Cunha que, para embelezar a praça plantou de oito a dez moitas de bambu gigante. A praça continuou a ser oficialmente Praça da República, mas o povo passou a denominá-la de “Praça dos Bambus”.
Em 1925, uma lei municipal determinou que a praça e as ruas circundantes: as avenidas Afonso Pena e Floriano Peixoto, as ruas Visconde de Rio Branco (atual Duque de Caxias) e Luziânia (atual Olegário Maciel) fossem destinadas à construção de um parque municipal.
Em 1938, o Interventor Municipal Vasco Giffoni confiou ao técnico de Belo Horizonte Júlio Steinmetz, o trabalho de execução de uma planta para a construção de um novo projeto de jardim, com características classicizantes. Este projeto apresentava uma organização parcelada em canteiros ordenados em quadrículas, com tratamento paisagístico elaborado a partir do conceito de jardins europeus e o uso de plantas exóticas, porém com algumas espécies nativas. A proposta contemplava vários passeios internos, com uma fonte localizada em seu centro, nas extremidades de um lado alguns bustos e de outro um coreto. O jardim ficou pronto e, em plena era Getuliana, a Praça recebeu o batismo de Praça Benedito Valadares como tributo ao Interventor.
A sucessão dos acontecimentos nos levam ao ano de 1945 e ao fim do governo de Vargas, quando a Praça volta a se chamar Praça da República. No ano de 1958, o lugar recebeu o nome de Praça Tubal Vilela, em homenagem ao ex-prefeito de Uberlândia.
Em janeiro de 1959, o prefeito Geraldo Ladeira levantou problemas referentes à remodelação urbana e convidou o arquiteto João Jorge Coury para trabalhar na configuração desse espaço. Neste projeto, ele teve como colaboradores o arquiteto Ivan Rodrigues Cupertino, os irmãos engenheiros Rodolfo e Roberto Ochôa e Sebastião da Silva Almeida. Entre o desenvolvimento do projeto e a construção da praça, executada pelo próprio escritório de João Jorge Coury e Rodolfo Ochôa, foram dois anos de trabalho.
A praça foi inaugurada no aniversário da cidade, em 31 de agosto de 1962. Está localizada no centro da cidade, em um quarteirão de forma retangular (102 x 142m), com uma área de 14.484 m2 e inserida na malha urbana de traçado xadrez, com uma topografia plana e suave. João Jorge Coury concebeu a praça como um espaço de convivência e manifestação pública, onde o centro livre sobressai na sua organização, que é enfatizado através da forte paginação de piso e dos acessos em “X”, diagonais que convergem das esquinas para este centro.
Possui um programa diversificado, com equipamentos comunitários tais como: concha acústica, fonte sonoro-luminosa, espelhos d’água, instalações sanitárias, grandes bancos contínuos e estacionamentos. A organização determina setorizações que podem ser definidas pelos elementos construídos ou pelo paisagismo, buscando tirar partido dos aspectos visuais ou explorando a visibilidade, permitida com o uso de espécies vegetais em três níveis de abordagem: forrações, arbustos e árvores, que sugerem as possibilidades cênicas e volumétricas entre piso, barreiras e coberturas.
O projeto dispõe os equipamentos comunitários em ambientes, sem obstruir as linhas de comunicação espontâneas ou o centro livre. A concha acústica frontal ao centro livre está colocada no eixo central da Avenida Afonso Pena. Sua volumetria destaca-se por sua proporção e por sua elevação em relação ao solo. A consequente leveza é reforçada pelo espelho d’água, que separa a plateia do palco; o acesso ao palco é feito pelo lado posterior da concha e por duas rampas externas, laterais ao palco, que se apresentam totalmente integradas ao conjunto. A fonte sonoro-luminosa é o elemento plástico mais audacioso: um volume em forma de um prato de concreto iluminado, assentado sobre um outro de forma triangular envolvido por um espelho d’água.
Esses volumes destacam-se por suas superfícies tecnicamente trabalhadas. A utilização de bancos contínuos e coletivos, executados em concreto, com moderno despojamento, sem ornato, em substituição aos tradicionais, inova ao propor dimensões de até 50 metros. Quanto à sua implantação, estão associados ao próprio traçado urbano: a maioria penetra nos grandes canteiros, exceção feita aos bancos centrais, que auxiliam na delimitação física do centro livre, direcionando o fluxo do caminhante. A pavimentação emprega a pedra portuguesa, trabalhando a superfície em faixas brancas e pretas dispostas paralelas e longitudinalmente à Praça acentuando sua horizontalidade, que só é rompida pelos grandes canteiros e pelos bancos contínuos.
Várias modificações em seu projeto original foram realizadas desde então. Entretanto, a Praça nunca deixou de ser o “cartão-postal” da cidade de Uberlândia e, além de ser espaço urbano de lazer e convivência, tem sido também ao longo dos anos palco para múltiplas manifestações políticas e culturais.
Fonte: Prefeitura Municipal.
Histórico do município: A Fazenda São Francisco foi sede da Sesmaria de João Pereira da Rocha, o primeiro morador a fixar residência nesta região no início do século XIX, por volta de 1818. A cidade de Uberlândia se formou em terras desmembradas desta família.
Por volta de 1835, chegaram os irmãos Luiz, Francisco, Antônio e Felisberto Carrejo, que compraram de João Pereira da Rocha as terras para formar as respectivas propriedades: Olhos D’Água, Lage, Marimbondo e Tenda. Ainda hoje elas permanecem na zona rural do município.
Felisberto Alves Carrejo construiu em sua fazenda uma tenda de ferreiro para abrigar as suas atividades profissionais, por isso, sua propriedade ficou conhecida por “Tenda”. Apesar das benfeitorias feitas no local, Felisberto transferiu sua residência para 10 alqueires de terra de cultura, nas imediações do Córrego Das “Galinhas” (Avenida Getúlio Vargas), adquiridos de Dona Francisca Alves Rabelo, viúva de João Pereira da Rocha. Nesta ocasião, esta porção de terra, atualmente Bairro Tabajaras, já era habitada por um pequeno número de pessoas.
Uberlândia é uma cidade que, como muitas, nasceu no entorno de uma capela. Como símbolo de uma comunidade que se pretendia organizada e civilizada, os moradores pediram ao Bispado a permissão para a construção de uma Capela Curada, a ser dedicada à Nossa Senhora do Carmo. Desta forma, construída em adobe e barro nas suas formas mais simples em termos arquitetônicos, ela foi idealizada em 1846.
Para viabilizar a sua construção, os procuradores da obra entraram em entendimento com D. Francisca Alves Rabelo e dela adquiriram, pela quantia de quatrocentos mil réis, cem alqueires de terras de cultura e campo, entre os Córregos Das Galinhas e São Pedro. Todo o Patrimônio foi doado a Nossa Senhora do Carmo e, atualmente, corresponde à parte central da cidade de Uberlândia. O Arraial recebeu então o nome de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha. Nas proximidades do lugar escolhido para a construção da capela, havia um caminho denominado de “Estrada Salineira”, foi às margens deste caminho que se formou o primitivo núcleo urbano.
Quando o Arraial passou à sede do Distrito, a estrada recebeu o nome de Rua Sertãozinho, posteriormente Rua Tupinambás e, atualmente, denomina-se Rua José Ayube. Como o cotidiano das pessoas era pontuado pela vida religiosa, a Capela abrigava à sua volta uma faixa de terreno que ficou conhecido como “Campo Santo”, nele foram sepultados os primeiros habitantes da Vila.
As raízes da cidade estão em um bairro conhecido hoje por Fundinho. As pequenas e tortuosas ruas que entrecortavam o arraial se formaram ladeadas pela sequência de casas, quintais e antigos muros que emprestaram à geografia urbana o seu sentido.
Por volta de 1861, pouco tempo após sua inauguração, a capelinha foi ampliada e transformou-se na Matriz de Nossa Senhora do Carmo, abrigando até 1941 as principais atividades religiosas da cidade. Em 1943, após a inauguração da imponente Matriz de Santa Terezinha na Praça Tubal Vilela, ela foi demolida e, em seu lugar, foi construído um prédio para abrigar a Estação Rodoviária.
Fonte: Prefeitura Municipal.