Lima Duarte – Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Ibitipoca, em Lima Duarte-MG, foi construída em 1768, onde anteriormente havia uma ermida tosca.
Prefeitura Municipal de Lima Duarte-MG
Nome atribuído: Matriz de Nossa Senhora da Conceição com suas fachadas exteriores (o adro, a árvore, o busto do padre Carlos e a casa do sino), todas as áreas internas tais como as sacristias das laterais, todo o acervo de imaginárias, o mobiliário, alfálias e documentos, registros, vestes eclesiais, painéis no teto e paredes laterais em tábuas e todos os bens móveis.
Outros Nomes: Matriz de Nossa Senhora da Conceição e a Praça da Matriz, incluindo o Coreto, o Cruzeiro, a Figueira Centenária e a Figueira situada entre as ruas Pedra Aflorada e Jucandiano Afonso Chaves. Conjunto Arquitetônico da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Ibitipoca bem como todos os bem móveis e demais objetos pertencentes a este conjunto. , Conjunto Paisagístico da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Ibitipoca e acervo
Localização: Distrito de Conceição de Ibitipoca – Lima Duarte-MG
Decreto de Tombamento: Decreto n° 05/1997
Descrição: No centro da Vila de Conceição de Ibitipoca está a Igreja Matriz, sólida construção de 1768, onde anteriormente havia uma ermida tosca. Ela é circundada por um muro baixo de “pedra seca”, quadrangular formando o adro. No centro ergue-se a Igreja com todas as suas paredes construídas de pedra rejuntadas por uma mistura especial, à base de óleo de baleia e estrume bovino.
O estilo da construção lembra o espanhol, com as duas extremidades do telhado voltadas para cima, o mesmo acontecendo com as duas sacristias. A torres ou “Casa do Sino” é separada do corpo da Igreja, fica à sua esquerda, na composição do adro. Possui também duas sacristias laterais ligadas ao corpo principal da Igreja. O templo é formado pela nave maior e pelo santuário.
As grossas paredes de 100 cm de espessura são feitas em pedras, estas retiradas da Tapera e do Sítio Beta e transportadas por escravos em carros de boi. Para uni-las foi utilizada uma massa com óleo de baleia. Cada parede é dupla, com uma camada de terra entre elas.
A Matriz de Ibitipoca guarda na sua fachada a singeleza do estilo colonial. São suas colunas nas laterais que parecem dar sustentação ao prédio. Possui duas janelas de vidro e acima uma entrada de luz, também em vidro, em forma de cruz. O telhado apresenta eiras e beiras encimadas por uma cruz de pedra. A porta é de madeira com grandes almofadas. Suas guarnições são em pedras que foram lavradas com ponteiras. A fachada é pintada de branco com detalhes em azul.
As paredes do templo conservam o mesmo estilo da fachada, possuindo cada sacristia duas janelas em forma de basculante e uma porta que acompanha o estilo da porta principal. Nas paredes do santuário mais duas entrada de luz com vidros coloridos e também em forma de cruz.
O adro é contornado por um muro baixo de “pedra seca”. Possui duas entradas: uma defronte ao templo e a outra à esquerda, únicos acessos a transeuntes. Os seus portões são de “ferro batido”, todo detalhado em chumbo. O solo, à esquerda do adro, era cemitério de escravos, já que os brancos, nobres, eram enterrados no subsolo da própria Igreja. A pequena muralha também data de 1768.
Na parte posterior do adro se encontra uma arvore de cedro. De pequeno porte e muito antiga, foi plantada para marcar o local onde foi sepultado o pai de Elzira da Conceição Moreira (falecida). Ela, uma venerada senhora, foi depositada das antigas tradições da Vila de Ibitipoca, foi zeladora da Igreja e conhecedora da historia local. A árvore é sinal de respeito para os nativos de Ibitipoca.
À frente da Matriz, à esquerda, próximo à entrada principal do adro, está o busto do Padre Carlos Otaviano Dias. Durante mais de 50 anos, do início deste século até bem próximo aos nossos dias, ele dirigiu a Paróquia de Conceição de Ibitipoca. O bispo de Mariana, Dom Silvério, em 1907, o nomeou para lá. O pároco era muito culto, falava quatro idiomas fluentemente, latim, português, francês e espanhol. Era doutor em Direito Canônico, tendo sido ordenado na Basílica de São João do Latrão, em Roma. Muito dinâmico, era muito respeitado na região pelo povo. O seu busto está apoiado em um pequeno pilar, de cerca de um metro e sessenta centímetros de altura, de forma poligonal de pedra maciça. Foi esculpido pelo povo da região.
A casa do sino está localizada no ângulo do lado direito do adro. Tem aproximadamente quatro metros quadrados de área na sua base de pedra. Ela é constituída por dois pavimentos. A sua torre é em forma de pirâmide. Da sua base até o topo, a altura, é de aproximadamente três metros e meio. Possui dois sinos: um menor, usado para finados, e, um maior, para ocasiões mais solenes. O que causa curiosidade é o fato de ser a construção separada do corpo principal da Igreja, o que não é muito comum nas antigas igrejas mineiras.
No interior da Matriz o estilo que predomina é o barroco, não havendo mesmo outro que possamos identificar. Há afrescos nas paredes e nos tetos, com as características dos pintores setentistas. A igreja é dividida em nave central e santuário. O atar-mor é todo de madeira ornado por entalhes de madeira policromados. O retábulo é sustentado por colunas que vão do piso até a parte superior do altar. As colunas na parte superior são em estilo grego. Na parte de cima do altar há entalhes na madeira em forma de “S” invertido trazendo no meio o símbolo “Mariano”. Entre as colunas encontram-se peanhas que sustentam as imagens. Do lado da epístola a estátua de Santo Antão e do Evangelho, São Sebastião.
O trono de Nossa Senhora é composto por 4 degraus em forma de pirâmide. No teto encontram-se uma pintura representando o Espírito Santo entre nuvens. Ao fundo dois anjos que flutuam. Toda beirada do nicho é ornada com entalhes em dourados. Abaixo do trono está o sacrário cuja porta em forma de 4 corações forma uma cruz. Toda a área do sacrário é coberta por uma fina camada de ouro. A mesa do altar-mor é um rico trabalho de entalhe na madeira policromada em ouro para realçar os contornos está representado o sagrado coração de Jesus.
Possui a igreja 2 altares laterais. O altar lateral de Santa Luzia, que fica do lado da Epístola, é também talhado em madeira policromada apresentando na parte inferior uma vitrine onde está depositada a imagem do Senhor Morto. O retábulo do altar apresenta 4 colunas romanas sendo duas retangulares e duas circulares, composta por 3 degraus.
Na parte superior, detalhes em “S” invertido. Vêem-se ainda anjos que sustentam um ornato de madeira. Do lado do Evangelho está o altar de Sant’Ana, todo em madeira policromada. A mesa recebeu pintura em florões. As linhas desse altar seguem as mesmas do altar de Santa Luzia. A diferença está apenas nos símbolos sustentados pelos anjos na parte superior.
Na sacristia do lado da Epístola está o altar do Senhor dos Passos, todo em madeira policromada. Todo o retábulo do altar recebeu pintura em florões e figuras geométricas e também a representação do sudário da Verônica.
Todo o piso da igreja é em tábua corrida e dividido em retângulos de 1 por 2 metros. Abaixo eram enterrados os corpos das pessoas brancas e de destaque da região.
O forro do santuário recebeu, todo ele, pintura de florões, objetos sacros e no centro um medalhão reproduzindo a Assunção de Nossa Senhora sendo coroada por anjos. As faces de Nossa Senhora e dos anjos possuem traços de mulatas. Mais quatro medalhões nas laterais do forro reproduzindo cada um, os evangelistas: Marcos, Lucas, Mateus e João. Estes apresentam traços orientais. Podem ser vistas varias frases em latim. Toda a pintura está contornada por reproduções de um gradil torneado. O forro da nave é pintado em branco com reproduções florais e figuras geométricas nas beiradas. No centro, três medalhões, sendo o central a reprodução de um terço e inscrições em latim.
As paredes internas possuem pintura que imita o mármore. Acredita-se que a tinta usada nas pinturas da igreja tenham sido produzidas no próprio local, com cores extraídas de plantas nativas. Segundo a tradição oral, o “mestre pintor” exigiu trabalhar sozinho, não permitindo a entrada do povo durante a execução do trabalho.
A nave é separada do santuário pelo Arco cruzeiro em forma de colunas na sua base e toda em madeira. Na parte superior apresenta o símbolo da realeza portuguesa. O coro é em gradil torneado e sustentado por duas colunas de madeira que, por sua vez, guarnecem o para-vento. Separando parte da igreja em piso mais elevado, encontra-se um gradil com cerca de 90 cm de altura todo torneado que visava separar os “bem nascidos” do povo comum. Do lado do Evangelho a 3 metros de altura encontra-se o púlpito, todo em madeira entalhada policromada e com pintura em florões. Do mesmo lado abaixo do coro, está o batistério.
Fonte: Prefeitura Municipal.
Histórico do município: Lima Duarte teve, provavelmente, a mesma origem da maioria das cidades mineiras: um grupo de colonos se estabeleceu a beira das estradas que davam para as minerações aí se formou um pequeno núcleo colonial ao redor de uma capelinha que a fé dos nossos antepassados se apressava em erguer. Sua primeira denominação foi Nossa Senhora das Dores do Rio do Peixe, e a origem deste nome se deve a Santa padroeira da primeira capelinha de Nossa Senhora das Dores, mais o fato de ser o município banhado pelo rio do Peixe. Passou a ser chamado mais tarde ?LIMA DUARTE? , em homenagem a um médico e político barbacenense, que muito contribuiu para a emancipação do município, e se chamava José Rodrigues de Lima Duarte.
Conta-se que, em 1781, corria o boato de que no rio do Peixe haviam-se descoberto faisqueiros de bom rendimento, fazendo-se extrativos pela Ibitipoca, apesar da proibição por parte do Governo. Foi apurada a veracidade dom fato, e tendo o próprio governador percorrido a área comentada, foi recebido no nascente arraial do Rio do Peixe com festividades, aproveitando os moradores para lhe pedirem terras de cultura. Reconhecendo a inutilidade das proibições feitas, resolveu o governador permitir se cultivassem aquelas matas e o arraial passou a crescer. A paróquia foi criada em 1881, sendo então dada a denominação de Vila do Rio do Peixe a sede que, ao ser elevada à cidade em 1884, recebeu o nome que conserva ainda até hoje. O primitivo distrito de Rio do Peixe foi criado em 1839 e elevado a freguesia 20 anos depois, em 1859.
Fonte: IBGE.
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