Betim – Acervo do Padre Osório
O Acervo do Padre Osório foi tombado pela Prefeitura Municipal de Betim-MG e é constituído por 32 peças, sendo elas alfaias litúrgicas e objetos pessoais do Padre.
Prefeitura Municipal de Betim-MG
Nome atribuído: Acervo do Padre Osório (Composta de um suporte de tinteiro, seis alvas, 10 casulas, três estolas, sete tapa corpo, cinco guarnapos, uma batina preta, uma bengala, uma carteira de identidade, um crucifixo de quarto e uma estola)
Outros Nomes: Coleção bens móveis – acervo do Padre Osório de Oliveira Braga
Localização: Museu Paulo Araújo Moreira Gontijo – Betim-MG
Dossiê de Tombamento
Decreto de Tombamento: Deliberação:03/04/1998. Inscrição Livro do Tombo nº VII. Publicação:”Minas Gerais – Diário do Executivo, Legislativo e publicações de terceiros”: 16/04/1998
Descrição: Osório de Oliveira Braga nasceu em Capela Nova de Betim a 25 de maio de 1878 (ou 1879), filho de José de Souza Braga e Dona Rita de Cássia de Oliveira, sendo batizado pelo vigário Domingos Cândido da Silveira, a quem iria substituir no pastoreio da cidade, décadas mais tarde.
Após a realização dos primeiros estudos no distrito natal, Osório Braga se dirigiu ao Colégio do Caraça, onde estudou durante quatro anos. Esse período de sua vida foi extremamente marcante em sua existência, produzindo recordações e mesmo o desejo de retornar ao Caraça para passar ali o seu jubileu, o que não chegou a acontecer devido às suas ligações com a cidade de Betim. Em seu período no Caraça foi colega de turma de Melo Viana e Afonso Pena, além do Pe. Luiz Gonzaga Boavida, do qual se tornou auxiliar, como comentou em entrevista ao Jornal “O Diário”, de 09 de Abril de 1961, página 06: “Ajudei muito o Pe. Boavida em suas obras de arte, tocando para ele o torno. Depois ia ao seu quarto para receber meu soldo diário, as gostosas castanhas”. Desse período também ficarão as lembranças de momentos difíceis, como dos dias de sofrimento quando contraiu a febre beribéri, que assolou o Caraça durante anos.
Em outubro de 1895, Osório Braga entrou para o Seminário de Mariana, onde recebeu a tonsura a 12 de abril de 1898, ordens menores a 25 de fevereiro de 1899, subdiaconato a 22 de dezembro de 1900, e presbiterato a 09 de abril de 1901, e nesse mesmo ano assumiu a paróquia na sua cidade natal. Em Mariana, Pe.Osório sentiu a influencia da carismático Dom Silvério, Arcebispo da cidade, de quem recebeu a ordenação sacerdotal e do qual se colocava como discípulo. Sobre o famoso “Bispo Negro”, que morreu membro da Academia Brasileira de Letras, Padre Osório chegou a dizer. “Era uma das glórias do Episcopado nacional, um sábio e um santo que se realizou por si mesmo. Logo após a minha ordenação, veio aqui, em visita pastoral. Com o entusiasmo dos meus vinte e dois anos, saudei-o elogiando-lhe a santidade do apostolado. Após o discurso, disse ele: “Padre, peça a Deus perdão, peça perdão a Deus por tanta mentira”. (Jornal O Diário, 09/04/61). A principal característica do Pe. Osório, sua habilidade política, só apareceria em 1920, após a morte do ex-vigário Domingos Cândido da Silveira. Enquanto este viveu, Pe. Osório se manteve distante dos negócios políticos, em respeito à pessoa de seu antecessor, que no final da vida demonstrava profundo rancor pela política, onde amargou sucessivos fracassos. Pe. Domingo Cândido da Silveira, que lutou pela localização da sede municipal em Capela Nova e não Santa Quitéria, deixou o Paroquiato em 1901, lançou sua candidatura à vereança, perdendo para o mestre Pedro, por 153 contra 3 votos. No ano seguinte, recebeu 4 votos de Capela Nova na luta pelo Senado. Desgosto, Pe. Cândido da Silveira procurou convencer o seu afilhado, Pe. Osório, a se manter distante da política, o que conseguiu durante a vida. Após sua morte, no entanto, Pe. Osório realizou sua vocação, exercendo a vereança, presidindo o diretório político e exercendo o cargo de Inspetor Escolar.
Mais do que os cargos que exerceu, a importância do vigário Osório Braga dentro da história de Betim aparece na influência de sua pessoa sobre os destinos políticos da cidade e principalmente sobre os cidadãos, dominando a opinião pública. Ele nunca escondeu seu orgulho por conseguir eleger candidatos que buscavam seu inestimável apoio político. Devido a seu carisma, conseguiram vitória esmagadora no eleitorado da cidade candidatos como Júlio Prestes, Milton Campos, Pedro Aleixo, Gabriel Passos, Jânio Quadros, Magalhães Pinto, além dos políticos locais, como Sílvio Lobo, César Fonseca e Divino Braga.
A astúcia de Osório foi um elemento importante na emancipação de Betim. Segundo história contada pelo ex-prefeito Divino Braga, no dia da festa da padroeira Nossa Senhora do Carmo, Padre Osório ficou sabendo que o então governador Benedicto Valladares passaria pela cidade antes da procissão. Imediatamente, o vigário mobilizou uma grande multidão para saudar o visitante e solicitar a inclusão de Capela Nova na reforma administrativa. A manifestação efusiva e a longa oração do vigário convenceram o governador (Fonseca, 1975, p. 105 e 106). Quando da solenidade de instalação do município e comarca, coube ao padre a condição de orador oficial.
Mas até a sua morte Pe.Osório conservou também a lembrança de conflitos e derrotas causadas pela política. O episódio mais folclórico ocorreu quando partidários de Washington Luís se revoltaram contra ele, chegando a formalizar ameaças de morte. No dia da deposição de Washington Luís, de madrugada, homens e mulheres se dirigiram revoltados à casa do vigário, gritando “morra o Pe. Osório” e desferindo tiros de espingarda, que acertaram a janela do quarto do religioso.
Fonte: Dossiê de Tombamento.
Composição do Acervo:
- 1 suporte tinteiro
- 6 alvas
- 10 casulas
- 3 estolas
- 7 tapa-corpos
- 5 guardanapos
- 1 batina preta
- 1 bengala
- 1 carteira de identidade
- 1 crucifixo de quarto
- 1 estola
FOTOS:
- Imagem: Dossiê de Tombamento
- Imagem: Dossiê de Tombamento
- Imagem: Dossiê de Tombamento
- Imagem: Dossiê de Tombamento
- Imagem: Dossiê de Tombamento
- Imagem: Dossiê de Tombamento
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