Betim – Portal da Colônia Santa Isabel


Imagem: Dossiê de Tombamento

O Portal da Colônia Santa Isabel foi construído na década de 1920 e foi a primeira forma de acesso à então colônia onde eram internadas pessoas atingidas pela hanseníase nas primeiras décadas do século XX.

Prefeitura Municipal de Betim-MG
Nome atribuído: Portal da Colônia Santa Isabel
Outros Nomes: Antiga Colônia Santa Isabel, Regional Citrolândia
Localização: Betim-MG
Decreto de Tombamento:Deliberação: 03/04/1998. Inscrição no livro do tombo número VI. Publicado no “Minas Gerais – Diário do Executivo, Legislativo e publicações de terceiros” – de 16/04/1998
Dossiê de Tombamento

Descrição: Construído na década de 1920, este arco, como o designa a comunidade de Santa Izabel, foi a primeira forma de acesso à então colônia onde eram internadas pessoas atingidas pela hanseníase nas primeiras décadas do século XX. Naquele período, a região onde se implantou a colônia era bastante isolada das regiões urbanizadas e se chegava por meio da Estrada de Ferro Oeste de Minas, cuja estação mais próxima ficava no atual município de Mário Campos, a quatro quilômetros de Santa Izabel.
A partir da implantação da colônia, as pessoas destinadas ao confinamento chegavam a Mário Campos em vagão separado e identificado com a inscrição “doenças contagiosas”, daí seguindo a pé, de carona ou em veículos alugados até Santa Izabel. O Portal era o primeiro contato dessas pessoas com o lugar.
Em formato de pórtico e com elementos decorativos que remetem ao estilo neoclássico, isto é, a leituras modernas da arquitetura greco-romana, o Portal traz a inscrição Hic manebimus optime (Aqui ficaremos bem), também oriunda da tradição clássica.
Em meados do século XX, o Portal foi perdendo sua importância como principal via de acesso a Santa Izabel, devido à abertura da Rodovia Fernão Dias. Em 1998, o Portal foi tombado como patrimônio cultural municipal e restaurado. Atualmente, encontra-se isolado do conjunto arquitetônico de Santa Izabel, e no seu entorno ocorre adensamento urbano, além de intenso tráfego rodoviário. A Funarbe e a comunidade de Santa Izabel discutem um projeto de restauração que proteja seu entorno imediato e o integre ao conjunto original.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Descrição: A Colônia Santa Izabel representa um testemunho privilegiado da evolução do tratamento da hanseníase no Brasil: do confinamento à tentativa de integração foram várias as estratégias adotadas, que se refletem na própria configuração do conjunto.
Além de sua importância como conjunto, cabe destacar ainda a existência de edificações significativas, que também devem ser protegidas.
No sentido de iniciar uma ação efetiva sobre esse importante bem cultural do município de Betim, parece-nos importante, num primeiro momento, o tombamento de um marco referencial deste conjunto – O Portal da Colônia Santa Izabel, que testemunha a concepção inicial daquele local de tratamento.
Para uma análise mais detida do processo de formação e evolução do referido conjunto e da região de Citrolândia em geral, remetemos ao livro “A História da Construção de Betim”, da Professora Terezinha Assis. Inicialmente, ela situa a região de Citrolândia:
“A região de Citrolândia localiza-se no sul do município, próxima aos limites de Mário Campos (Ibirité) e Bicas (Igarapé). Atualmente, a região tem crescido ao longo da BR 381, o que tende a se acentuar em função de sua duplicação que já está em andamento.
A região tem uma história que inicia, neste século, com a implantação do Sanatório de Santa Izabel. Sua articulação com o município é recente, visto que a política de sua implantação levou-a ao isolamento e à segregação social, pelo estigma da hanseníase.”
[…]
A Colônia, na época de sua construção, tinha como via de acesso principal a ferrovia que ligava Belo Horizonte a Brumadinho, com uma estação em Mário Campos (Ibirité15), próximo do seu portão de entrada. O conceito de colônia isolada da sociedade é visível na estrutura urbana da mesma.
Existem sistemas de produção de energia elétrica e abastecimento de água próprios, que vinha de uma represa do rio Bandeirinhas; esgoto, calçamento, ruas largas que demonstram uma concepção de reestruturação urbana, com largas avenidas influenciando, inclusive, a reforma urbana do Rio de Janeiro (sic).
Além da infra-estrutura avançada para a época, foram construídos, ainda, equipamentos de lazer coletivo, como o cine-teatro Glória e os clubes recreativos.
Refletindo a religiosidade, não poderia faltar a igreja para completar o quadro local.
A implantação da política de isolamento dos doentes se concretizou com a vinda de pacientes que eram tratados em outros locais da Região Metropolitana de Belo Horizonte e a ação dos “médicos caçadores” que viajavam para o interior à procura de doentes que eram separados da família e trazidos, à força, na maioria das vezes, para as colônias.
[…]
A colônia adotou uma concepção de criação de atividades sociais, num primeiro momento. Em seguida, incorporou também o trabalho, para que os doentes não se sentissem ociosos. Aliado a essa situação havia também o temor de trabalhadores “sadios” de irem para o local e contraírem a doença, reforçando a necessidade de mãode-obra dos doentes, inicialmente, através de bolsa de trabalho.
Esses fatos impulsionaram a montagem de uma infra- estrutura econômica de produção própria, onde foram criadas olarias, serrarias, unidades de produção agrícola para cultivo e criação de animais com fins de auto-abastecimento.
Os doentes foram aproveitados como mão-de-obra nos trabalhos de construção civil, reparos, fabricação de tijolos, serraria, agricultura e pecuária.
A independência político-administrativa da colônia em relação ao município foi um fato desde o primeiro momento. As decisões eram da alçada do Estado e o órgão que definia e encaminhava a política e a administração da colônia era o serviço de saúde pública. Essa situação permanece até os dias atuais, sob a supervisão da FHEMIG (Fundação Hospitalar de Minas Gerais).
Fonte: Dossiê de Tombamento.

BENS RELACIONADOS:
Betim – Cine Teatro Glória
Betim – Conjunto Urbano da Colônia Santa Isabel
Betim – Portal da Colônia Santa Isabel

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Prefeitura Municipal


13 comments

  1. cleverson santos xavier |

    eu sou professor de escola pública e queria saber se podemos levar alguns alunos para uma visita. isso faz parte de um projeto sobre resiliência que eu junto com alguns professores estamos fazendo.isso é de suma importancia para o desenvolvimento humano de nossos alunos. então aguardo confirmação.

  2. Cláudio Estevam de Azevedo Reis |

    Bom dia. Minha esposa teve parentes em tratamento na Colônia nos anos 30 até + – 80.
    E possível ter acesso as fichas e guardar uma cópia para a família?
    Como proceder: vcs mandam? Possui custo de pesquisa? Sabemos apenas o nome. Mas foram moradores da colônia. Aguardo resposta.

    1. Equipe iPatrimônio |

      Boa noite,
      Sugerimos que entre em contato com a direção da atual instituição que está sediada no local:
      Telefones: (31) 3529-3331 ou (31) 3529-3337 / Fax: (31) 3529-3344
      E-mail: diretoria.ssi@fhemig.mg.gov.br
      Atenciosamente,
      Equipe iPatrimônio

  3. MARIA VITORIA NUNES |

    Gostaria de encontrar alguma pessoa que estudou no preventório, onde deixavam as crianças, pois eu sou uma delas. Dois irmãos e eu saímos em 1970. Estudávamos onde só tinham freiras.
    Me lembro da irmã Vitória, por ser meu nome, e do Sr. Salomão, que dava aula de natação na lagoa. Eu amava este lugar, portanto eu sorri muito. Quando fui morar com meu pais, eu não gostei. Fui para este lugar com idade de três anos e saí com doze anos. Pra falar a verdade, este lugar foi um paraíso para mim, onde tinha igreja, tinha natação, tudo na hora certa, muito conforto e muitas e muitas crianças.
    Eu amava este lugar! Tenho muitas lembranças boas neste lugar: de jogar bola; de marchar o Sete de Setembro em BH, na Avenida Afonso Pena de saia rosa pregueadinhas bem passada, por baixo um macaquinho curto e meias brancas, e de conga. Era muito top! Eu tenho muitas saudade de falar os momentos lindos que tive neste lugar. Eu nem lembrava que tinha mãe e pai. Fui criança ainda, então a convivência com outras crianças era tudo normal.
    E os banhos: todas as meninas tomavam banhos juntas. Até hoje me lembro… Eu acho que tinha uns 100 ou 150 chuveiros para todos. Era fila e fila de chuveiro kkkkkkk Todos nós pelados kkkkkkkkkkk Tenho saudades e muitooooooooooooooooooooooooooooooo

  4. Robinson Fortini |

    Boa tarde, gostaria de localizar familia Fortini que moraram e ou ainda moram na colonia Santa Izabel. Favor me informar se existe alguma associação onde posso localizar as pessoas ou endereço onde posso ir pessoalmente para trata deste assunto. Agradeço e aguardo retorno. Atenciosamente, Robinson Fortini

  5. José Sebastião Cunha Fernandes |

    Bom dia.
    Meu pai esteve sob tratamento nesta colônia, provavelmente entre o final da década de 40 até meados da década de 50. Até onde sei, ele permaneceu sob tratamento durante oito anos. Mas parece que depois de um tempo foi encaminhado para o Hospital Cristiano Machado, em Santo Antônio da Roça Grande, Sabará.
    Será que ainda existem as fichas dos pacientes daquela época?
    Se houver, como posso conseguir uma cópia?
    O nome dele é Antônio Fernandes de Almeida, falecido em 19 de março de 2003, com 90 anos.

  6. Édison Almeida de Oliveira |

    Tem algum banco de dados onde possa procurar meus familiares?
    Por favor, pode passar o caminho?
    Agradecido.

  7. Inhana Olga |

    Olá,
    Meu nome é Inhana Olga, sou da coordenação do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN). Talvez possa ajudar na localização das pessoas que buscam familiares que foram internos em Santa Izabel e as pessoas que buscam dados históricos e documentações. Vou deixar meu contato de e-mail para quem se interessar: inhanaolga@yahoo.com.br.

  8. josue ataide de moura |

    quebraram o açudão na rua do Matão! não sei se é por interesse dos moradores acima e nem sei se os lotes são autorizados. Com o rompimento do açudão, que segurava os finos do solo carreado desde o bairro PTB, não impede mais e este material está ficando parados no córrego, ao longo da rua olaria e rua são geraldo, onde ja aumentou o nivel das inundações pela falta de contenção do antigo açudão.

  9. Aparecida Monteiro |

    Meu avô Virgílio Monteiro de Oliveira viveu aí até a morte !
    Não cheguei conhecer ele pois fiquei sabendo da existência dele era adolescente, porque ouvir meu irmão dizer que mãe tinha ido na Colônia para o enterro dele .
    E triste mas é a realidade !
    Minha avó também viveu por alguns anos aí não sei quantos!
    Minha mãe e meu pai também viveu não sei quanto tempo na Colônia pois os dois era filhos de pacientes, deve ter ser conheceram e anos depois de sair daí casou e só permaneceu meu avô por parte de mãe até falecer .
    Sei para quem viveu tinha muito preconceito, realmente existiu mesmo para os que saiu da Colônia que voltou para sua família, os seus familiares às pessoas tinha preconceito deles!

  10. Oi bom dia!vivi uma vida inteira ouvindo a minha mãe contar a vivência de preconceito dofridx por meu avô ter hznsfniase..Foi recolhido pela saúde pública e minh mãe ficou órfã sido jovem..Foi excluída dz dociedadeco. Todz saga de preconceitos…meu avô fugiu d Foi resgatado..E faleceu…Gostaria de ter acesso a esses documentos datas…Minha mãe faleceu ĥa 4 aa…Gostaria dd fechar a nossa estória com esse dados..Grata..Eni Maria d cruz ..Resplendor MG..

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *