Cambuí – Conjunto Paisagístico Matinha Municipal
O Conjunto Paisagístico Matinha Municipal foi tombado pela Prefeitura Municipal de Cambuí-MG por sua importância cultural para a cidade.
Prefeitura Municipal de Cambuí-MG
Nome atribuído: Conjunto Paisagístico Matinha Municipal (3ha)
Localização: Final da R. Miguel Louzada – Cambuí-MG
Decreto de Tombamento: Decreto n° 082/2007
Dossiê de Tombamento
Descrição: Segundo fontes orais, a Matinha Municipal pertence à prefeitura de Cambuí desde o início do século XX, e apresenta uma área total de 12.000 m2. Localiza-se na mesma região onde foi instalada a Vila de São Vicente. Ou seja, isso ocorreu em uma pequena rua com casas construídas pela Prefeitura visando uma maior e melhor assistência à população.
O campo de futebol (com medidas de 110 m x 65 m) foi o primeiro a ser construído neste local em 1965. Em seguida foram construídos também o Ginásio Poliesportivo e o Recinto do Rodeio (que hoje é utilizado como garagem da Prefeitura).
A Matinha Municipal consiste de um local bastante encharcado que apresenta diversas minas d’água. Assim, a mata não existiria se não fosse encharcada. As águas da mina permitiram a formação de uma lagoa natural.
Seu processo de preservação teve início no ano de 1965, onde foram introduzidas apenas algumas espécies vegetais, considerando que a Aroeira (Myracroduon urundeuva Fr. All; Família Anacardiaceae) compreende a espécie mais numerosa presente na mata nos dias de hoje. Além disso, é possível encontrar ainda algumas madeiras de lei, como o Cedro (Cedrela fissilis Vell.; Família Meliaceae). Entretanto, a fauna é considerada nativa, ou seja, nenhuma espécie animal foi introduzida na mata.
Somente em 1996 iniciou-se um processo de revitalização urbanística no Conjunto Paisagístico da Matinha Municipal com o objetivo de proporcionar uma continuidade do trabalho de preservação iniciado há 30 anos.
Para a entrada da mata, instalou-se um portal com a sua devida identificação. Logo à direita, foi construída uma espécie de pracinha anexa à entrada da mata, apresentando uma placa de identificação. Além disso, foi construída uma escadaria para possibilitar uma maior facilidade ao acesso da mata. Ao final dela, foi instalada uma fonte, que nos tempos da inauguração era aberta ao público, porém, depois de um certo tempo, devido à ocorrência freqüente de problemas intestinais na população, essa água teve que ser desligada, pois freqüentemente a análise da água apresentava coliformes fecais.
Como foi citado acima, devido ao encharcamento da área pelas águas das minas, foi possível a formação de um lago natural logo na entrada da mata. Nele, havia uma pequena população de peixes, o que permitia a introdução de um centro de lazer, como o Pesque-Pague.
Além disso, foram construídos um pequeno lago e um viveiro para aves aquáticas. Ao longo da mata, foram abertas trilhas com alguns bancos de madeira, que hoje encontram-se muito mal conservados. A pavimentação consiste de terra batida e hoje se encontra desnivelada e irregular em alguns trechos. É importante dizer ainda que foi instalada uma iluminação adequada em algumas partes desse perímetro, o que permite o lazer até mesmo na ausência da luz do sol.
No entorno da maior parte do campo de futebol há um sistema de drenagem de água, o que evita que o campo de futebol se encharque com as águas das minas, evitando assim a sua destruição. O ginásio poliesportivo, assim como o campo de futebol e a mata, foi construído visando uma melhor forma de lazer e esporte à população de Cambuí.
Dessa forma, a população incorporou a idéia de preservação do Parque Ecológico, porém, hoje há um ar de um certo abandono.
Fonte: Dossiê de Tombamento.
Histórico do Município: Localizado no extremo sul de Minas Gerais, o território atual do município de Cambuí, constituiu-se como passagem, parada e arranchamento dos bandeirantes, mineradores e tropeiros vindos de Itapira e outras regiões de São Paulo, rumo às jazidas de ouro das Minas Gerais, que vinham e iam de uma ou outra capitania, à margem da picada em direção a Estiva e Pouso Alegre. Ao longo do leito dos rios Sapucaí e Verde e outros caminhos, os viajantes fixavam-se fundando outras vilas e cidades tratando da lavoura e da criação de gado.
Em 12 de novembro de 1812, D. João VI aprova a ereção de uma capela que seria consagrada e dedicada a N. S. do Monte do Carmo e em 1813 o capitão Francisco Soares Figueiredo e Joaquim José de Moraes (o primeiro veio de Campanha), iniciaram um movimento do qual resultou a construção dessa capela e do arraial a sua volta.
Em 1818, um visitante de nome Antônio Marques Rodrigues, constata a inadequação do terreno em que foi edificada a capela, e deixa uma recomendação por escrito sobre o péssimo estado de conservação da mesma, uma vez que ela era construída de adobe, argamassa de terra, sapé e capim que lhe davam vida efêmera, além do fato de estar inserida em uma área que não possibilitava a expansão futura do arraial que surgia em volta da capela. Esse fato serviu de estopim para a formação de um movimento de grande envergadura que começou a lutar não só para a construção de uma nova capela como pela mudança do local a ser implantada em conjunto com o arraial.
Constatada a inadequação do terreno, foi construída uma nova capela a três quilômetros da antiga em local plano e mais espaçoso. Assim, formou-se o novo arraial, que é hoje sede do município de Cambuí.
Por meio de provisão de 15 de outubro de 1834, a Cúria Metropolitana do Bispado de São Paulo, representada pelo Vistador Diocesano Padre Senador José Bento Ferreira de Melo, concorda com a mudança do arraial e da Capela de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Cambuí, sendo esta elevada a categoria de Curato e se tornando independente da Freguesia de Jaguary. O novo local, denominado Campo Largo (hoje praça Justiniano), foi concebido com planejamento, o que é notado pelo traçado regular e ortogonal das ruas na área central.
A transferência do arraial se deu com uma grande festa, com cânticos de hinos e preces.
A procissão foi acompanhada de carros de boi para o transporte das relíquias eclesiásticas (imagens dos santos e alfaias) da antiga capela (no Camboy Velho) para a nova.
A localidade ficou marcada também por uma sublevação em sete de setembro de 1833. Aproveitando as comemorações do aniversário da Independência, os habitantes de Jaguary, atualmente Camanducaia, e suas respectivas freguesias, entre elas Cambuí, declararam independência frente a Vila de Pouso Alegre. Este movimento tinha por objetivo elevar a antiga Jaguary a categoria de vila e com a denominação de Vila Carolina. Esse movimento, que foi prontamente reprimido, contou com a participação de Juizes de Pazes de distritos pertencentes a Pouso Alegre, como Antônio de Oliveira e Manuel Antonio da Silva, que trabalhavam respectivamente em Cambuí e Capivari. Todos os dois foram parentes do fundador do município de Cambuí, o Capitão Francisco Soares de Figueiredo. Posteriormente, o distrito de Jaguary foi transformado em Vila em 1840.Segundo o texto que está no site da prefeitura municipal de Cambuí, o fato acima relatado ocorreu no local conhecido como Cambuí -Velho, onde fora
edificada a primeira Capela.
Pela Lei Pronvincial nº571, de 01 de julho de 1850, Art. 1º§7º, sancionada pelo Dr. Alexandre Joaquim de Sequeira, Presidente da Província de Minas Gerais, o Curato de Cambuí, pertencente ao município de Jaguary, foi elevado à categoria de Paróquia. O primeiro pároco foi o Pe. Feliciano José Teixeira, no período de 1850 a 1854. A partir dessa lei a paróquia desmembrou-se de Jaguary, sendo subordinada diretamente a Cúria Diocesana de São Paulo.
Fonte: Dossiê de Tombamento.