Campo Grande – Conjunto dos Ferroviários
O Conjunto dos Ferroviários foi tombado pela Prefeitura Municipal de Campo Grande-MS por sua importância cultural para a cidade.
Fundac – Fundação Municipal de Cultura
Nome Atribuído: Conjunto dos Ferroviários
Localização: Campo Grande-MS
Resolução de Tombamento: Decreto nº 3249, de 13 de maio de 1996
Descrição: Com objetivos de modernizar o país, ocupar e integrar o território nacional, fixar os limites e espantar as ameaças internas e externas, atualizar os sertões e integrá-los a civilização é que a Estrada Ferro Noroeste do Brasil se concretizou.
A primeira estação de passageiros de Campo Grande foi construída em madeira e deveria ser provisória, foi inaugurada em 1914, e possuía um partido e programa de necessidade simples, tinha apenas o intuito de atender o embarque e desembarque de passageiros. Na década de 1920, a estação é substituída por um prédio em alvenaria (DOMINGUES e SILVA, 2012). Na década de 30, com a chegada do Engenheiro Aurélio Ibiapina, foi construída a nova estação, posto que a estação existente já não comportava o crescente desenvolvimento do tráfego na cidade.
Dentre as classificações de estações, pode-se dizer que a estação central de Campo Grande seguiu a configuração tradicional de estações (FINGUER, 2013). Sobre a tipologia da estação, a de Campo Grande é classificada por pavilhão central com duas partes laterais e plataformas de embarque e desembarque margeando as construções. Um elemento que chama atenção na fachada da estação central de Campo Grande é o relógio, fazendo com que a estação seja um marco temporal no cotidiano da vida urbana, máxima representação do período industrial de controle social e do trabalho.
O Armazém de cargas:
O Armazém de cargas é o prédio contíguo a estação e é um dos maiores edifícios do conjunto. Segundo o relatório anual da NOB, foi construído em 1942. Sua tipologia se enquadraria na definição de pavilhão central com duas partes laterais, sendo que o corpo central é simétrico e mantém um ritmo entre as aberturas, lança mão do artifício do tijolo aparente pintado marcando a estrutura e as molduras dos vãos e linhas verticais. Suas empenas são marcadas com as insígnias da NOB em seu frontão.
A Vila Ferroviária:
A arquitetura ferroviária, muito tem a ver com a organização espacial que nasceu na Europa no pós Revolução Industrial, cujos empreendimentos industriais trouxeram a construção de vilas de operários, a fim de manter seus funcionários próximos ao trabalho, devido ao melhor controle da força de trabalho e melhoria nas questões sanitárias e morais. Porém, no caso do Brasil, e principalmente na questão ferroviária, além dos aspectos acima, um fator determinante na construção das vilas de operários, é também a falta de moradias para abrigar os trabalhadores, principalmente das áreas mais rurais, como no caso de Campo Grande, distanciando a vida e trabalho rural e aproximando os operários ao trabalho urbano e moderno (FINGER, 2009).
A configuração espacial das vilas ferroviárias, que eram casas destinadas para os trabalhadores da ferrovia, se destaca pelo caráter hierárquico das construções, das relações sociais dos seus moradores e na separação espacial dos estratos sociais de trabalho na ferrovia. Quanto maior e mais ornamentada era a residência, maior a graduação e nível hierárquico do seu morador dentro da Companhia (ROLIM, 2006). Em Campo Grande essa característica é marcante. As casas ao longo da Av. Calógeras, entre a Av. Mato Grosso e a Rua Dr. Temístocles ocupam posição privilegiada dentro do Complexo, eram destinadas aos engenheiros da Ferrovia e aos funcionários mais graduados, o tamanho dos lotes era maior e as casas implantadas isoladas, possuíam um melhor padrão construtivo, localizavam-se estrategicamente na frente da estação e tinham inspirações na arquitetura europeia ecletizante (ROLIM, 2006).
A casa construída na esquina Avenida Calógeras com a Rua Dr. Temístocles está diretamente relacionada à história da estação ferroviária, pois o responsável por sua construção, o engenheiro Aurélio Ibiapina, é o mesmo engenheiro que construiu a estação de Campo Grande na década de 1930. Já as casas da Avenida Calógeras, da Rua General Mello da Rua Dr. Temístocles, serviam de residência para os trabalhadores de nível intermediário, seu programa era mais simples, o lote era mais estreito e não tinham muita ornamentação, mas permaneciam isoladas nos lotes, características que já a diferenciava dentro de uma hierarquia de ocupação, pois eram implantadas próximas a estação, região de convívio social do Complexo. Destaque para a casa da esquina da Rua General Melo com a Avenida Calógeras que abrigava o escritório da NOB.
A Rua Dr. Ferreira é a típica vila ferroviária, as casas eram destinadas aos operários e tinham um padrão construtivo inferior e mais simples. A arquitetura da rua é marcada pela repetição de casas geminadas e pela distância das casas para com as casas dos chefes, estando mais próximas aos locais de trabalho, o Armazém e as Oficinas. Quanto às casas da Rua 14 de julho, há uma variação de tipologias, já não havia uma segregação nítida das classes de trabalhadores, visto que lá encontramos tanto casas geminadas com programas iguais as das casas da Rua Dr. Ferreira, reservada aos operários, quanto casas com características iguais as da Av. Calógeras, destinadas aos funcionários intermediários.
Ainda sobre as tipologias das casas e sua função social no Complexo Ferroviário de Campo Grande, observa-se a presença de exemplares em madeira. As construções em madeira no contexto ferroviário possuíam muitas vezes um caráter efêmero, sendo substituídas ao longo dos anos pelas construções em alvenaria. Porém, em Campo Grande, a Rua dos Ferroviários, ainda guarda o testemunho dessa arquitetura, as residências possuíam sistema de tábuas na vertical e mata-juntas para eliminar as frestas entre elas, destinadas aos operários da ferrovia.
A escola Álvaro Martins Neto:
O prédio da escola Álvaro Martins Neto, também conhecida como “batatinha”, é uma edificação de programa simples, construída no alinhamento do lote, dotada de salas de aula e sanitários, sua cobertura é escondida pelas platibandas, janelas em ferro e com ornamentos com leve inspiração no Art´Decó. Sua construção é da década de 1930 e a construção teria sido resultado de uma solicitação da Associação dos Moradores da Ferrovia. O nome que leva a escola faz referência a um ex-ferroviário que morreu num acidente de trabalho e que o ocorrido teria alterado a forma de trabalho na ferrovia. (GRECO, 2014)
As oficinas, depósitos e galpão para abrigo de carros:
Na parte interna da esplanada ferroviária, entre a Rotunda e o Armazém, encontram-se um conjunto de imóveis que foram construídos entre 1942 e 1943. São construções em tijolos aparentes com marcação das estruturas e molduras das aberturas, além do galpão para abrigo de carros que é o que possui maior expressão estética, pois trata-se de um edifício com cobertura de tesoura de madeira que apóia telhas de barro, com empenas em madeira com aberturas em arcos e um beiral lateral de proteção, apoiado em uma mão francesa em madeira.
Conjunto da Rotunda:
O conjunto da Rotunda, prédio localizado na esplanada do Complexo Ferroviário Histórico e Urbanístico da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB) em Campo Grande/MS é vestígio da arqueologia industrial ferroviária, memória cultural de um sistema de trabalho do final da primeira metade do século XX. Ele faz parte de um Complexo histórico tombado nas três esferas de poder, Federal, Estadual e Municipal, tendo por motivação, a organização social e espacial da ferrovia e o modo de vida dos seus trabalhadores, que traz consigo uma relação intrínseca com a modernidade industrial brasileira, fato de real importância na formação do país e ponto de partida para a preservação do Patrimônio Cultural remanescente do “apito do trem”.
Sua construção foi financiada pelo Plano Especial de Obras Públicas e Aparelhamento da Defesa Nacional, programa criado por Getúlio Vargas no regime do Estado Novo em 1939. A obra foi iniciada em 1941 e finalizada em 1943. O conjunto em questão é formado por uma Rotunda/Oficina, a construção em maior escala, capaz de dar manutenção simultaneamente em 13 (treze) Locomotivas, o Girador ao centro e um prédio com planta em curva, em menor escala e localizado a frente da Rotunda, local de lavagem do maquinário.
O sítio da NOB em Campo Grande, ainda guarda em suas edificações e na tipologia de sua implantação resquícios de uma memória industrial, um todo intercomunicante necessário para o empreendimento ferroviário funcionar, bem como a etnografia da ocupação da vila ferroviária, demarcando bem a estratificação social do conjunto, além de toda uma técnica construtiva e estética diferenciada do restante da cidade impregnada nos exemplares arquitetônicos que formam a paisagem ferroviária.
A fim de salvaguardar o Patrimônio Cultural advindos da presença da NOB em Campo Grande, e principalmente, em decorrência da desativação do trem de passageiro e da privatização da Ferrovia em 1996, a municipalidade efetuou no mesmo ano, após um movimento social, forçando o prefeito da época, Juvêncio Cesar da Fonseca, a efetuar o tombamento de todos os imóveis que fizeram parte do momento áureo da ferrovia na cidade. Tombamento do Sítio Histórico da Ferrovia NOB (Vila Noroeste); Rua Dr. Ferreira; os imóveis e demais edificações localizados na Rua dos Ferroviários em toda a sua extensão; o imóvel localizado na Rua Antônio Maria Coelho no perímetro entre a Rua dos Ferroviários e Avenida Calógeras; os imóveis de número 2960, 2980, 3002 e 3018, localizados na Avenida Calógeras em frente à Estação Ferroviária, entre a Avenida Mato Grosso e a Travessa Dr. Temístocles. Os imóveis de números 15, 35, 49, 64 e 67 localizados na Travessa Dr. Temístocles; os localizados na Rua General Mello no perímetro entre a Rua Dr. Ferreira e a Avenida Calógeras; os imóveis localizados na Rua 14 de Julho no perímetro compreendido entre a Rua Eça de Queiroz e Rua Dr. Ferreira; e os imóveis que compõem a Estação Ferroviária de Campo Grande – Decreto Municipal nº3249, de 13 de maio de 1996.
Na mesma ótica, o Governo do estado publica a Lei nº 1.735, de 26 de março de 1997 que dispõe sobre o tombamento dos sítios históricos localizados, desde Três Lagoas até Corumbá, consistentes das Estações Ferroviárias da antiga NOB e seus respectivos entornos históricos. O tombamento do estado é bastante controverso em decorrência da amplitude de sua área tombada, essa medida faz com que o Estado não consiga salvaguardar o patrimônio protegido da rede férrea em Mato Grosso do Sul.
No ano de 2009, o Iphan realiza o tombamento do Complexo Ferroviário Histórico e Urbanístico da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil no município de Campo Grande, no estado do Mato Grosso do Sul, por meio do Processo de tombamento nº 1.536-T-06 na categoria de Conjunto Urbano. O tombamento do Complexo Ferroviário teve seu caráter definitivo declarado em outubro de 2014. Portanto, fica tombada uma área de 22,3 hectares, formada por 135 imóveis, viadutos ferroviários e parte dos remanescentes dos trilhos.
Estação Ferroviária – NOB:
Data de Construção: 1935
Nome do construtor: Aurélio Ibiapina
Descrição arquitetônica: Embasamento em soco com plataforma e escada de acesso Corpo central em ressalto ladeado por alas. Trama de pilastras com aberturas retangulares emolduradas. Coroamento com frontão em formas geométricas curvas e relógio no tímpano acima da cobertura aparente. Inspiração no ecletismo.
Ano de tombamento pelo município: 1996.
Localização: Rua Calógeras, Esplanada Ferroviária, s/n – Centro
Armazém do Complexo Ferroviário:
Data de Construção: 1942
Nome do construtor: Aurélio Ibiapina
Descrição arquitetônica: edifício retangular, em quadro águas, com frontão demarcado em forma escalonada, pé direito alto com função de armazenamento, apresentando estilo eclético.
Ano de tombamento pelo município: 1996.
Localização: Rua Calógeras, Esplanada Ferroviária, s/n – Centro
Rotunda do Complexo Ferroviário:
Data de Construção: Entre 1941 a 1943
Nome do construtor: Desconhecido
Descrição arquitetônica: O edifício apresenta volumetria arquitetônica do tipo 180º ou meia rotunda.
Ano de tombamento pelo município: 1996.
Localização: Rua Calógeras, Esplanada Ferroviária, s/n – Centro
Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul:
Data de Construção: Entre os anos de 1935 e 1939.
Nome do construtor: Participação do engenheiro Aurélio Ibiapina.
Descrição arquitetônica: Edifício assobradado com corpo retangular, possuindo varanda frontal e alpendre no pavimento superior. Possui duas salas, escritório, copa cozinha, três quartos e dois banheiros.
Ano de tombamento pelo município: 1996.
Localização: Rua Calógeras, nº 3000 – Centro
Gabinete do Prefeito, antiga casa do engenheiro chefe da NOB:
Data de Construção: Aproximadamente 1935.
Nome do construtor: Desconhecido
Descrição arquitetônica: Embasamento composto por soco em cantaria. Corpo em alpendre avarandado com guarda corpo. Trama de pilastras emparelhadas com aberturas retangulares. Coroamento com prolongamento do beiral. Estilo eclético.
Ano de tombamento pelo município: 1996.
Localização: Esquina entre a Avenida Mato Grosso e Rua Calógeras, nº s/n – Centro
Texto: João Henrique dos Santos (Arquiteto e Urbanista)
Fonte: Prefeitura Municipal.
Histórico do município: O Sul de Mato Grosso até o início do século XVIII, quando ocorre a descoberta de ouro em Cuiabá, é uma região banhada por índios e paraguaios remanescentes das missões jesuítas espanholas. Os espanhóis, no século XVI, introduzem o gado no Sul de Mato Grosso e iniciam a exploração e a comercialização da erva-mate. Algumas tribos indígenas, entre elas, os Guaicuru, aprendem com os espanhóis a usar o cavalo como montaria e o manejo do gado, tornam-se cavaleiros e são os primeiros fazendeiros sul-mato-grossenses.
A prosperidade das minas de ouro cuiabanas leva a coroa portuguesa a criar a Capitania de Mato Grosso, em 1748, e a assinar, com a Espanha, o Tratado de Madri, em 1750. Após estes dois fatos, os portugueses procuram tomar posse do Sul de Mato Grosso, construindo fortes e presídios no Vale Paraguaio. Assim, além de assegurar a Cuiabá o acesso aos grandes centros econômicos e políticos, rechaçam, também, a expansão espanhola que colocava em risco a posse das minas de ouro de Cuiabá.
A exploração de minas de ouro em Cuiabá permite a intensificação do trânsito das bandeiras paulistas no Sul de Mato Grosso. Entre as rotas fluviais utilizadas por estas bandeiras está a do Rio Pardo. Dois dos afluentes do rio Pardo e que são explorados pelos bandeirantes, no século XVIII, são o Anhanduí-Guaçu e o rio Anhanduí, este último formado pelos córregos Prosa e Segredo. Isto evidencia a presença dos descendentes dos portugueses nos campos, onde mais tarde surge o povoado de Campo Grande.
No século XIX, a decadência das minas de ouro de Cuiabá, de Minas Gerais e outras localidades provocam nestas Províncias instabilidades políticas e econômicas. Estes fatores possibilitam a migração de cuiabanos, goianos, mineiros, paulistas e gaúchos para o sul de Mato Grosso. Estes novos bandeirantes vêm atraídos pela fertilidade do solo, pela grande quantidade de gado bovino nos campos de Vacaria e Pantanal, e fundam núcleos populacionais ou reativam outros.
Após a Guerra com o Paraguai intensifica-se a migração para o Sul de Mato Grosso. Em 1872, José Antônio Pereira acompanhado de dois filhos e mais alguns homens saem de Monte Alegre, Minas Gerais, de onde outros já haviam saído, rumo às terras do Sul de Mato Grosso. Atravessam o rio Paranaíba, penetram o Sul de Mato Grosso, passando por Sant’Ana do Paranaíba e pelo rio Sucuriú, transpõem os cerradões do rio Pardo, e acampam nas terras onduladas da Serra de Maracaju.
José Antônio Pereira encontra, nesta região, o poconeano João Nepomuceno e algumas famílias camapuanas fixadas ao longo do córrego Prosa, onde cultivavam suas roças. O que chama a atenção de José Antônio Pereira, é o viço do milharal e outros cereais cultivados por esses posseiros. Inspeciona o lugar e constata a fertilidade do solo, a amenidade do clima, a existência de boas pastagens e boa aguada. Esses fatores convencem José Antônio Pereira a não prosseguir viagem e iniciar uma roça a exemplo dos demais posseiros destes campos.
No início do ano seguinte, José Antônio Pereira regressa a Minas Gerais, de onde retornaria três anos depois, com toda a sua família e alguns agregados, sendo a comitiva composta de sessenta e duas pessoas.
Durante a ausência de José Antônio Pereira, permanece como guardião de sua roça, João Nepomuceno. Em junho de 1875 chega aqui outro mineiro, Manuel Vieira de Souza, que veio com seus antecessores de mudança para Campos de Vacaria, em companhia de seus familiares e alguns escravos.
João Nepomuceno procura se informar do recém-chegado, se ele tinha notícia de José Antônio Pereira, não obtendo a informação desejada e desesperançado do seu retorno, dado o longo tempo decorrido, negocia com Manuel Vieira de Souza a transferência de posse, não sem antes ressaltar os direitos de José Antônio Pereira.
Em agosto de 1875 chega a Campo Grande José Antônio Pereira, conduzindo sua expedição composta de onze carros mineiros, os quais, além das provisões necessárias aos primeiros tempos, traziam também sementes, mudas diversas, inclusive cana-de-açúcar e café. Em seguida à sua chegada José Antônio Pereira se entende com Manuel Vieira de Souza, e se juntam para organizar a ocupação de Campo Grande.
A história oral admite que José Antônio Pereira não é o primeiro desbravador a instalar moradia na confluência dos córregos Prosa e Segredo, ela aponta, também, a existência de uma comunidade negra, no Cascudo, hoje Bairro São Francisco, contemporânea a chegada dos primeiros desbravadores descendentes dos portugueses. Entretanto, esta mesma história oral reconhece que José Antônio Pereira, falecido em 1900, influenciou nos primeiros tempos a sistematização da ocupação do povoado. Ele dirigiu e orientou as demarcações das posses, procurando harmonizar os interesses daqueles que pretendiam se fixar no vilarejo.
A localização de Campo Grande atendia os objetivos econômicos e estratégicos da Companhia de Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, por isso, a cidade é escolhida para sediar uma Diretoria Regional que atenderia todo o Sul de Mato Grosso. A Companhia além de construir instalações para abrigar seus serviços técnicos e burocráticos, constrói, também, casas para atender todos seus funcionários.
A ferrovia favorece a transferência do eixo econômico Cuiabá e Corumbá, através do rio Paraguai, para Campo Grande e São Paulo.
Simultaneamente, à regularização das viagens ferroviárias, o governo federal, em 1921, através do Ministério da Guerra Pandiá Calógeras, transfere de Corumbá para Campo Grande, o comando da Circunscrição Militar. Este conjunto congregaria todas as unidades militares sediadas no Estado de Mato Grosso. Campo Grande assume o “status” de capital militar.
A partir de 1930, Campo Grande, tendo em vista sua importância socioeconômica e política, concentra as discussões sobre a divisão do Estado. Os campo grandenses objetivando apoio para o movimento divisionista, participam, ativamente, da Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas e da Revolução Constitucionalista de 1932, esta última é uma reação dos paulistas contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas. Bertoldo Klinger, comandante da Circunscrição Militar em Mato Grosso e um dos líderes da Revolução Constitucionalista, institui o Estado de Maracaju e nomeia Vespasiano Martins para governador. Este ato eleva Campo Grande à condição de capital político administrativa no novo Estado. A derrota dos constitucionalistas contribui para a extinção do Estado de Maracaju, consequentemente, Campo Grande perde o “status” de capital político administrativa.
Esta derrota não arrefece o ânimo dos campo grandenses. Dois anos depois, em 1934, é criada em Campo Grande, a Liga Sul-Mato-Grossense, que inicialmente objetivava angariar apoio dos sul mato-grossenses, para o manifesto que seria encaminhado ao Presidente do Congresso Nacional Constituinte. A Liga coleta 13 mil assinaturas, com isso, ela visava também, sensibilizar o governo federal, particularmente, os Constituintes para que estes ao elaborarem a Nova Constituição, aprovassem a divisão de Mato Grosso.
Getúlio Vargas e os Constituintes não aprovam a divisão do Estado, mas os campo grandenses se mantém fiéis ao movimento divisionista até 1977, quando o Presidente Ernesto Geisel promulga a Lei Complementar nº 31 que cria o Estado de Mato Grosso do Sul e Campo Grande é elevada à condição de capital.
Fonte: IBGE.
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- Imagem: Prefeitura Municipal
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