Mariana – Seminário Menor e Capela de Nossa Senhora da Boa Morte


Imagem: Google Street View

O Seminário Menor e Capela de Nossa Senhora da Boa Morte, em Mariana-MG, foi tombado por sua importância cultural.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Seminário Menor e Capela de Nossa Senhora da Boa Morte
Outros Nomes: Seminário de Mariana; Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte
Localização: Rua do Seminário – Centro – Mariana-MG
Número do Processo: 410-T-1949
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 337, de 06/12/1949
Uso Atual: Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS / UFOP)

Descrição: O Seminário Menor, também conhecido como Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte, é a casa de instrução mais antiga de Minas Gerais. Sua criação deveu-se a preocupação do primeiro Bispo de Mariana, D. Frei Manuel da Cruz, com a carência de um estabelecimento para o ensino de humanidades em sua diocese. O conjunto de edificações do Seminário da Boa Morte veio substituir, após as necessárias obras de adaptação e ampliação, o imóvel de propriedade particular conhecido como Chácara da Intendência, adquirido pelo Bispo de Mariana, para instalação do referido estabelecimento, cuja criação foi autorizada por D. João V, em ordem régia de 12 de setembro de 1748. A Provisão de sua fundação traz a data de 20 de dezembro de 1750. Uma vez adquirido o imóvel pelo Bispado, iniciaram-se provavelmente as obras de adaptação e ampliação ou mesmo de construção de partes novas da antiga “morada de casas”, de modo a permitir o imediato funcionamento do Seminário. Em 1752, as obras ajustadas com Antônio Carlos Cardoso ainda estavam em andamento.
O conjunto do Seminário, incluindo a capela, foi objeto de sucessivas modificações, as quais ocorreram principalmente no seu interior, até ganhar o aspecto atual. Mas é certo que a fachada principal conserva o modelo originalmente adotado. Robert Smith assinala a semelhança arquitetônica entre este Seminário e a forma original do Hospício da Mãe dos Homens do Caraça, ambos provavelmente inspirados no monumento de Mafra, em Portugal. Embora desconheça-se a autoria do projeto, sabe-se que além da obra da capela, acréscimos e modificações no prédio foram feitos sob a responsabilidade de Antônio Carlos Cardoso. Por volta de 1780/82, foi construída a nova capela, obra do mestre José Pereira Arouca. As pinturas do teto foram confiadas, na mesma época, a Antônio Martins da Silveira.
A construção do edifício iniciou-se em 1750, em proporções ainda modestas, tendo sido concluídas suas obras entre 1780 e 1793, período do 4º bispo, D. Fr. Domingos de Pontevel. Por volta de 1816, o Seminário esteve fechado, tendo sido cogitado da construção no local de um Colégio de Artes e Disciplinas Eclesiásticas, iniciativa que, no entanto, não se concretizou. Durante a Revolução Liberal de 1842, novamente fechado em decorrência dos acontecimentos políticos, foi transformado em quartel. Entre a data de sua fundação e o ano de 1854, a exceção dos poucos anos em que esteve fechado, o estabelecimento funcionou simultaneamente como Seminário Maior e Seminário Menor, até a inauguração do novo Seminário de São José, quando os cursos superiores para ali se transferiram definitivamente.
O Seminário Menor de Mariana prestou relevantes serviços à educação, tanto na época da colônia como em todo o século XIX. O edifício apresenta a elegante disposição em dois blocos enquadrando a capela, formando um E. Sua construção é de grande simplicidade, com as numerosas janelas de guilhotinas com vãos de vergas retas. Possui uma pequena escada de entrada, no ângulo das alas do Seminário coberto por alpendre.
A localização em relação ao terreno é uma elevação de suave declive, que resulta em pavimento semi-enterrado. Internamente apresenta extensos corredores, soalhos de tábua corrida e forros de esteira. A fachada da capela é composta por portal de entrada em verga curva e porta almofadada. Acima desta, duas janelas rasgadas guarnecidas com guarda-corpo com balaústres. Frontão recortado no nível da fachada, sem interrupção da cimalha. Os cunhais sustentam entablamentos curtos e volutas que dão partida ao frontão movimentado. Possui óculo superior curvilíneo, encimando relógio circular. O conjunto é arrematado por uma grande cruz, situada no topo do frontão.
O interior da capela é composto por um conjunto de altar e retábulo de linhas simples, porém elegantes, com colunas compósitas ornamentadas de talha na base e no terço inferior. Toda a talha é de excelente qualidade, incluindo o perfil do camarim, o trono e os nichos laterais, reproduzindo, em menor escala, a ornamentação da Sé.
As imagens que ainda figuram nesses altares são as mesmas da época de fundação e construção do Seminário, entre 1750 e 1754. São elas as imagens de Santo Inácio, São Bento, São Bernardo, os crucifixos, a Virgem da Boa Morte e Nossa Senhora das Dores. Cabe ainda mencionar a antiga imagem de Nossa Senhora das Mercês, proveniente de outra capela, e uma bela imagem de madeira de Nossa Senhora da Conceição, considerada a mais antiga de Mariana, que serviu no altar da primitiva capela de Nossa Senhora da Conceição, atual Sé. O forro da capela-mor, em abóbada, apresenta pintura de caráter ilusionista, de autoria de Antônio Martins da Silveira (1782).
Na composição pictórica , a trama arquitetônica se constitui de quatro pilares apoiados sobre pedestais que parecem erguer-se das paredes da capela-mor. A ligação dos pilares com o altar-mor e o arco-cruzeiro é feita por meio de arcos plenos. Nos vãos livres encontram-se balcões com parapeito, destituídos de figuras da igreja. Sobre o altar-mor e o arco cruzeiro, vasos de flores complementam a decoração. No quadro central, a representação de Nossa Senhora da Boa Morte com uma espada na mão, apresenta ndo aspecto de pintura a óleo O restante da composição recebeu pintura a têmpera.
Texto extraído de: Fundação João Pinheiro. Dossiê de Restauração. Plano de Conservação, Valorização e desenvolvimento de Ouro Preto e Mariana. 1973/1975. SOUZA, Wladimir Alves de: Guia dos Bens Tombados: Minas Gerais. Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1984.
Observações: O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.
Fonte: Iphan.

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Gabriela Berthou de Almeida
Patrimônio de Influência Portuguesa


2 comments

  1. Gilberto Cesar de Oliveira |

    Boa tarde sou Gilberto Cezar de Oliveira, estou fazendo um documentário de Domiciano Augusto de Passos Maia queria fotos da turma dele em 1885 a 1900 tem como fazer uma pesquisa sobre o (senador de Minas) Dr Passos Maia? Meu email é [email protected]

    1. Bom dia,
      Sugerimos que entre em contato diretamente com a instituição.
      Os contatos que encontramos online são os seguintes:

      Instituto de Teologia São José
      Tels.: (31) 3557-1140 / 3557-1170 / 3557-2048
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      Instituto de Filosofia São José
      Tels.:(31)3557-1241/(31)3557-1047
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      Propedêutico (Preparatório)
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      Atenciosamente,
      Equipe iPatrimônio

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