Novo Cruzeiro – Imagem de São Bentinho


A Imagem de São Bentinho foi tombada pela Prefeitura Municipal de Novo Cruzeiro-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Novo Cruzeiro-MG
Nome atribuído: Imagem de São Bentinho da Igreja S. Francisco
Localização: Capela São Francisco de Assis – R. José Maria Preta – Novo Cruzeiro-MG

Histórico do município: A História de Novo Cruzeiro iniciou com a chegada do desbravador, Sr. Anastácio Roque.
Até o início da segunda metade do século XIX toda bacia do Rio Gravatá ainda era inabitada. A região teve seus primeiros habitantes com a criação da Fazenda Lagoa, hoje distrito de Queixada, Fazenda do Bom Jesus, hoje distrito do Lufa e Fazenda Gravatá atual Novo Cruzeiro.
Saindo de Araçuaí e seguindo o rio de mesmo nome, o desbravador entrou no afluente Rio Gravatá, em busca de pedras preciosas. Ocupou a sub-bacia do Riacho São Francisco e onde hoje está o Bairro Puxa, Sr. Anastácio Roque e toda equipe acamparam, fundando ali a primeira residência. Mas as pedras preciosas foram tão poucas que logo decidiram parar com o extrativismo e deram início a agropecuária, tornando grande proprietário de terras então pertencentes ao município de Araçuaí.Devido a grande quantidade de gravatá que existia, fruto da família do abacaxi, sua propriedade recebeu o nome de “Fazenda Gravatá.” Das três propriedades, aquela era a de menos movimento por localizar-se mais distante da sede.
Anastácio Roque não trouxe consigo escravos, propriamente ditos. Um negro bom de serviço custava muito caro e a região não oferecia retorno financeiro capaz de garantir grandes lucros. Também o processo de abolição já estava acontecendo, e muitos fazendeiros já optavam pela mão-de-obra assalariada. Quem garantia sua produção eram os chamados “camaradas,” na realidade semi-escravos. Como a maior parte dos agregados eram negros e mulatos, eles tiveram a permissão de construir uma pequena capela para louvar o santo protetor da raça negra, São Benedito, e em torno daquele humilde templo, erguido com varas e barro, formou-se uma pequena vila de casebres rústicos, recebendo o nome de “Povoado de São Benedito.” As pessoas da época falavam: “Povoado São Benedito da Fazenda Gravatá.” Com o tempo, aumentou a população de brancos, e o santo dos negros caiu no esquecimento, restando apenas “Vila Gravatá.”
Muitas pessoas morriam com picadas de cobras venenosas, o índice era tão elevado que deixava a população assustada. No ano de 1917, com o objetivo de resolver o problema, o bispo da diocese de Araçuaí, Dom Serafim Gomes Jardim da Silva, ordenou que construísse uma capela para o santo protetor da humanidade contra cobras e todos bichos peçonhentos, São Bento. E assim foi feito, a antiga capelinha de São Benedito cedeu o espaço para a outra construção, porém com alvenaria mais moderna. O terreno foi doado pelo fazendeiro, Sr. Joaquim Esteves da Silva Pereira, filho de Pedro Pereira da Silva e de Rosa Esteves da Conceição. Casado com Dª Letícia Roque Esteves, sobrinha de Anastácio Roque, filha de Humberto Roque Esteves e de Rita Alves. Como a área doada era bastante grande, muitas pessoas construíram residências no terreno de posse da diocese. Caracterizou-se um novo aspecto para aquela vila, que muitos já passaram a chamá-la de Vila São Bento. ( Nos livros do Cartório de Registro Civil de Novo Cruzeiro, de propriedade do Sr. Moacyr Aleixo, consta que o nome Vila Gravatá permaneceu até a emancipação). O nome de “Vila São Bento” não era oficial, era uma denominação popular advinda da fé católica.
No início da terceira década do século XX ocorreu um fato que marcou para sempre a história do lugar, a construção da Ferrovia Bahia/Minas. Os trilhos chegaram em 1924, e a vila, de menor expressão tomou um novo rumo tornando-se um centro comercial, atraindo comerciantes vindos de outras regiões, entre eles, várias famílias turcas, Chain, Lauar, Mussi, Barrack, Faid e outras. Na década de 1930 já ultrapassava a vila do Bom Jesus do Lufa em habitantes e no progresso. Outro marco importantíssimo iniciado nessa mesma década foi o surgimento da primeira escola, localizada no centro da vila, funcionando em um salão com duas turmas e tendo como primeiras educadoras Antonieta Lopes e sua irmã Ina Lopes. Fundação que passou a Escolas Reunidas São Bento em 1944, sendo diretora e também professora a senhora Carmem Silvia Mendes Lages, as professoras Maria do Rosário Nogueira Reis, Maria Adelaide Xavier e Ana Leopoldina Esteves Lima. Em 1946, tinha como diretora a Srª Serafina Esteves Lima e passou a Grupo Escolar Inácio Murta, em homenagem ao pai do primeiro prefeito, Sr. Mário Moreira Murta.
Durante os anos quarenta, o comércio crescendo, a produção atingindo índices mais elevados, os trens da Bahia/Minas escoavam produtos e traziam cultura, muitos já tiveram acesso á educação, rádio, jornal e informação oral. Dentro desse novo contexto cultural formaram-se grupos de intelectuais que já discutiam a possibilidade de emancipação do distrito. Entre eles, estavam: Sr. Júlio Campos, Sr. Olímpio Alves, Sr. Mário Murta, Sr Quintino Gomes, Sr. João Alexandrino e outras pessoas de renome.
Em 31 de dezembro de 1943 pelo Decreto Estadual nº 1.058, a Vila Gravatá tornou-se emancipada da cidade de Araçuaí. Reunidos em assembléia, no dia 01 de janeiro de 1944, cuja pauta era dar novo nome ao município recém criado. Estava muito difícil de chegar a um consenso, cada um tinha uma opinião.
As pessoas ainda estavam se acostumando com a nova moeda brasileira, o Cruzeiro, criada em novembro de 1942, em substituição ao Reis. Não tinham o hábito de falar “moeda,” pronunciavam “dinheiro.” Diante da situação o Sr. Olímpio Alves fez um discurso com palavras que se aproximavam destas: “Estamos com um novo dinheiro circulando pelo Brasil afora. Ele chegou para melhorar nossas vidas, reduzir a miséria dos mais necessitados. Para que nossa terra tão querida seja próspera e que caminhe rumo ao progresso junto com o Cruzeiro, esse novo dinheiro, que ele nunca há de faltar para nossa gente, nada mais justo que nosso município receba o nome de “Novo Cruzeiro.”
Os demais integrantes da assembléia não tiveram palavras, e por unanimidade, aceitaram o nome sugerido.
Assim, foi surgindo o que hoje é Novo Cruzeiro. De uma pequena vila com intensa atividade agrícola e comercial, através da ação de muita gente que fez de seu trabalho um objeto maior, nasce uma cidade, que permaneceu com aspecto de interior:
(Fragmento da dissertação de mestrado do professor Pablo de Souza Oliveira) (…) “Os imóveis margeavam a linha férrea. As ruas eram pouco transitadas por pedestres ou veículos. Essa calmaria era quebrada nos horários de passagem do trem que rompia o silêncio e movimentava a avenida com as pessoas que chegavam ou esperavam para viajar ou receber ou enviar encomendas, além dos carregadores, quitandeiras e pessoas que chegavam às portas e janelas para ver o movimento”(…)
Nos anos sessenta já existia uma diferença de identidade entre as pessoas da cidade e do campo.
Em 1962 o prefeito José Moura criou o jornal da cidade (O Novo Cruzeiro) que circulava quinzenalmente. Já podiam contar com Cine-teatro que exibia filmes, apresentação de bandas locais e peças teatrais. A matriz de São Bento sempre foi a igreja mais frequentada. Após as missas, aos domingos, frequentemente tinha leilão e barraquinhas. No mês de julho já realizava a festa do padroeiro, São Bento, onde se encontravam pessoas das roças e da cidade.
No ano de 1966 aconteceu o que nenhum neocruzeirense gostaria que acontecesse, a Ferrovia Bahia/Minas foi desativada, seus trilhos foram arrancados. Além da perda do trem, que fazia parte do cotidiano das pessoas, perderam também muitos amigos que eram funcionários da rede e foram transferidos para outras regiões. Até hoje a ferrovia ainda permanece no imaginário de cada um.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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1 comments

  1. airtonbouzada@gmail.com |

    Gostei ,morei por dez anos em Novo Cruzeiro ,era uma terra rude ,de homens bravos e trabalhadores ,agricultura ,garimpo ,criação de gado ,mais o que me impressionou foi a pistolagem ,grilagem de terras e os homicídios .Era demais ,mesmo assim fiquei por dez anos a frente do IEF,INSTALEI O ESCRITORIO DO ORGAO E COMECEI A DIVULGAR PRATICAS EDUCACIONAIS AMBIENTAIS E
    A FAZER O CONTROLE DO DESMATAMENTO .BONS tempos ,TEMPOS DIFICEIS.

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