Ouro Branco – Cerâmica Saramenha


Imagem: Prefeitura Municipal

A Cerâmica Saramenha foi tombada pela Prefeitura Municipal de Ouro Branco-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Ouro Branco-MG
Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico
Conselho Municipal de Políticas Culturais

Nome atribuído: Cerâmica Saramenha (Saberes)
Localização: Ouro Branco-MG
Livro de Registro dos Saberes

Descrição: O ceramista Leonardo Ricart dos Santos, considerado o único Mestre vivo em Ouro Branco que mantém o ofício da Cerâmica Saramenha tradicional, foi premiado pelo Governo Federal através do Prêmio Culturas Populares 2009 – Edição Mestra Dona Izabel, promovido pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC).
O Prêmio Culturas Populares 2009 tem como objetivo fortalecer as expressões da cultura popular brasileira, bem como identificar o trabalho de Mestres, Grupos e Comunidades. Visa valorizar e dar visibilidade a essas pessoas, estimulando a participação nas ações culturais relacionadas à sua atividade, e ainda promover um intercambio entre esses praticantes de expressões das culturas populares brasileiras. O projeto encaminhado, que contempla o trabalho de Leonardo Ricart, foi elaborado pela Prefeitura Municipal de Ouro Branco, através da Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte, sendo escolhido entre os mais de 2.800 inscritos em todo o País. Ao todo, 297 Mestres e iniciativas/comunidades foram contemplados, com um investimento de mais de 2 milhões de reais. Os premiados foram escolhidos pela Comissão de Seleção, formada por artistas, pesquisadores, técnicos e dirigentes do MinC. Todas as propostas foram avaliadas individualmente e pontuadas. A classificação ficou por conta dos pontos obtidos por cada candidato. Entre os mestres e grupos premiados, Minas Gerais ficou em primeiro lugar em número de iniciativas contempladas, representando 13% do total. Mestre Leo, como foi inscrito, receberá R$ 10 mil em forma de reconhecimento por sua atuação e contribuição para o fortalecimento da cultura popular brasileira. O título de reconhecimento como Mestre da Cerâmica Saramenha traz o estímulo necessário para a continuidade desta expressão artística, e reforça a importante presença de Ouro Branco no circuito cultural nacional.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Descrição: A cerâmica Saramenha começou a ser produzida oficialmente no século XIX, na chácara Saramenha, a 3 Km de Ouro Preto em Minas Gerais.
Era bárbara, grosseira, vidrada e muito conhecida entre os viajantes; os mais ilustres foram Sanint-Hilaire e Richard Burton. Ambos registraram em seus diários as peculiaridades de um artefato que só seria valorizado mais de um século depois, por conta de estudiosos e colecionadores, como o marchand paulista Paulo Vasconcelos. Em 1963, Paulo deparou com um prato de barbeiro- espécie de bacia, com parte da borda recuada para o centro da peça — num antiquário carioca. Logo associou as características da peça aos depoimentos de Saint-Hilaire e às informações veiculadas oralmente por habitantes das áreas rurais de Ouro Preto, Cachoeira do Carmo Sabará, Santa Luzia, Mariana, Caetés, Barão de Cocais e Santa Bárbara.
Localizada a origem mineira do objeto, o colecionador iniciou a etapa de pesquisa e coleta. Conseguiu recolher castiçais, bilhas, paliteiros, saleiros, fôrmas refratárias, candeias e urinóis. Num bar de beira de estrada, chegou a encontrar duas canecas em pleno uso. Cinco anos depois de se entregar a essa aventura investigativa, Paulo tornou-se capaz de reconhecer em qualquer fragmento o exemplar saramenha, passando a colaborar com os técnicos do Patrimônio Histórico e Artístico na separação de material. Até então, historiadores e arqueólogos ficavam aturdidos com a “estranha cerâmica” que encontravam nas escavações ou pesquisas de campo feitas na região próxima a ouro Preto. Ela possuía cores que variavam entre o amarelo-ouro e o avermelhado, sendo decorada com desenhos ingênuos e recoberta com uma camada leve de verniz. Mas seu traço mais marcante é o vitrificado, obtido à custa de óxido de ferro e pedra moída derretidos em panelas de ferro adaptadas aos rústicos fornos da época. Notadamente, a sua concepção tem influência portuguesa, mas não só. Algumas vezes os utensílios tomam formas nitidamente chinesas, lembrando sagradas vasilhas de chá. Em outras, as formas remetem a produções mexicanas, configurando jarras ou bilhas com três saídas de água. Antoniette Fay, pesquisadora do Museu Nacional de Cerâmica, em Sèvres, ressaltou a semelhança de estilo com a louça antiga e do mesmo gênero da região francesa de Bouvais.
Apesar de projetada internacionalmente, depois de ser exibida nos anos 70 na exposição Internacional de Bruxelas, a cerâmica saramenha agoniza. Sabe-se que ela foi produzida até o final do século XIX, mas não há registro oficial de sua continuidade nos dias atuais. A não ser de forma esporádica, graças a algum descendente das antigas famílias de oleiros. Recentemente, o pesquisador mineiro Pedro Arcângelo Evangelista, conhecido como Petrus, conseguiu chegar a um artesão que parece ser o último depositário da técnica de queima e vitrificação com sal grosso. Com isso, renascem as esperanças de que essa manufatura, legitimamente nacional, possa recuperar o vigor e perdurar por muitos séculos ainda.
Reportagem: Edelma Macedo
Fonte: UFMG.

Receita:
Material: argila, macete, cobre, chumbo, manganês, torno, forno de cerâmica.
Modo de Preparo: Separe a argila, misture com água e amasse bem com a ajuda de um macete. Cubra a massa com um plástico e deixe curtir, para não ficar ressecada. Em seguida, modele livremente a peça no torno, deixando-a lisa ou adornando-a com cachos de uva, pêssegos e folhas. Quando estiver seca, leve ao forno para a primeira queima, em temperatura média, para a peça não quebrar. Quando esfriar, pinte com óxidos de chumbo, cobre e manganês. Esses metais vão compor um verniz especial, que além de conferir o aspecto vitrificado da peça, colorem nos três tons característicos da saramenha: amarelo-ouro, verde e marrom-avermelhado, respectivamente. Para preparar o óxido de chumbo, derreta o metal até virar pó, passe num moinho e acrescente água até obter a consistência de lama. Quanto ao óxido de cobre, derreta-o junto com o chumbo até que virem pó. Depois acrescente água até obter consistência de lama. O óxido de manganês é produzido da mesma forma, misturando-se o metal com o chumbo. Depois de recobrir a peça e colorir com os óxidos — que o Mestre aplica com os dedos – queime novamente.
Consultoria: Mestre Bitinho.
Fonte: UFMG.

Histórico do município: Os primitivos habitantes desta região foram os índios da tribo Carijós.
Os ex-integrantes da Bandeira chefiada por Borba Gato, Miguel Garcia de Almeida Cunha e Manuel Garcia, transpondo os altos da cachoeira de Itabira do Campo (atualmente Itabirito) descobre o ouro na falha radial da Serra, onde se encontram os mananciais dos Ribeirões da Cachoeira e Água Limpa. Tal descoberta não produz o rendimento esperado: Manuel e Miguel se desentendem e a bandeira se divide.
Manuel Garcia segue na direção Nordeste, indo dar com o rico córrego do Tripuí, descobrindo o “Ouro Preto”, cor produzida devido à presença do Óxido de Ferro em sua composição.
Miguel Garcia, por sua vez, desce o vale do chamado “Rio da Serra”, que corre para o Oeste, paralelamente à aguda escarpa da Serra de Deus Livre. Funda um povoado nessa região, após descobrir ouro de cor amarela, clara, produzida pelo mineral Paládio a ele associado, denominado “Ouro Branco” por simples contraste cromático aparente com o “Ouro Preto” do Tripuí.
Ouro Branco foi uma das mais antigas freguesias de Minas, tornada colativa pelo alvará de 16 de fevereiro de 1724, expedido pela Rainha Maria I, durante o governo de Lourenço de Almeida. Nesse período Ouro Branco já possuía considerável importância econômica pela prosperidade de sua população.
O ouro extraído em Ouro Branco era desprezível em relação à extração praticada em Ouro Preto. Por essa época, a má qualidade das jazidas auríferas e as dificuldades de exploração, advindas do primitivo processo utilizado, fazem atividade mineradora retroceder.
Texto: Elizabeti Márcia Felix R.Oliveira
Fonte: Prefeitura Municipal.

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Prefeitura Municipal
Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico
Prefeitura Municipal
UFMG
Wikipedia


7 comments

  1. Gabriel Felipe Ferreira |

    Precisa de agendamento para visita?
    Eu preciso fazer uma entrevista com a pessoa que produz a cerâmica, um trabalho de escola.

    1. Boa tarde,
      Sugerimos que entre em contato diretamente com Leonardo Ricart Dos Santos, indicado pela Prefeitura Municipal como único detentor do conhecimento ainda em atividade.
      Nome: Atelier Cerâmica Saramenha – Leonardo Ricart dos Santos
      Telefone: (31) 3741-1948
      Email: [email protected]
      Atenciosamente,
      Equipe iPatrimônio

  2. PARA CONHECIMENTO:
    EM ATIVIDADE COM A TÉCNICA CERÂMICA SARAMENHA, DESDE 1985 CUJO PRIMEIRO APRENDIS DIRETO DO MESTRE BITINHO.
    ROSEMIR HERMENEGIDIO DE CONSELHEIRO LAFAIETE

  3. Izaiza maria de siqueira |

    Ha muitos anos,em viagem para Ouro Preto,me chamou a atenção na estrada umas pecas de cerâmica semelhantes às que tinha adquirido na França. Entrei numa “olaria” e conversei com um senhor muito simpatico q me deu muitas informações. Adquiri algumas pecas e fiquei encantada!!
    Infelizmente, não voltei a Ouro Preto mas guardei um cartão e resolvi hoje pesquisar se ainda existia
    aquele atelier. Achei informações e quero deixar meu contato pq amo cerâmica e me orgulho do
    Patrimonio Cultural de Minas,mineira que sou de Diamantina.
    Parabéns aos que produzem e conservam esse Patrimônio rico de nossa terra e nosso país.

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