Piedade do Rio Grande – Festa da Congada e do Moçambique, Festa de Maio


Imagem: Livia Nascimento Monteiro

A Festa da Congada e do Moçambique, Festa de Maio foi registrada pela Prefeitura Municipal de Piedade do Rio Grande-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Piedade do Rio Grande-MG
Nome atribuído: Festa da Congada e do Moçambique, Festa de Maio (celebrações)
Localização: Piedade do Rio Grande-MG
Livro de Registro das Celebrações

Descrição: Em Piedade do Rio Grande-MG, os ternos de Congada e Moçambique são compostos pelos mesmos homens negros, que juntos formam a “Sociedade de Congada e Moçambique de Nossa Senhora do Rosário e das Mercês”. A rede de relações mantida entre os membros está nos laços de parentesco, compadrio e solidariedade entre tais.
A chegada dos primeiros povoadores à região, localizada no campo das vertentes de Minas Gerais, com proximidades ao sul do Estado, remonta ao século XVIII, período em que houve a criação do curato de Nossa Senhora da Piedade, com a Igreja fundada em 1748. No fim do século XVIII e meados do XIX, a região manteve-se pelas trocas econômicas com as Vilas mineradoras vizinhas, São João del Rei e São José Del Rei (atual Tiradentes). Em fins do século XIX e início do XX, as fazendas de criação de gado e abastecimento de milho e feijão permaneceram ativas, mesmo após fim da escravidão, em 1888. Para José Murilo de Carvalho, a transição do trabalho escravo para o livre na região,

parece ter-se verificado sem traumas. Os ex-escravos saíram das senzalas, se ainda nelas viviam, construíram suas casas em terrenos cedidos pelos proprietários ou terras públicas, e continuaram a trabalhar para os antigos donos, ou para fazendeiros vizinhos. O salário era muitas vezes substituído por parceiros, por trocas e serviços, como moagem de milho (JESUS, ALVES, 2011:14).

Foi na década de 1920 que a Sociedade de Piedade foi fundada e registrada “para adoração de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Mercês”.
Um grupo de homens que se relacionavam, desde o período escravista, através de suas famílias e na Irmandade que frequentavam na cidade vizinha (Ibertioga), buscaram recriar seus símbolos, rituais e devoções e decidiram associar-se por elos culturais, históricos e políticos.
A primeira geração de congadeiros e moçambiqueiros reinventou formas de dominação e dependência nas relações entre os fazendeiros – elite quase sempre branca da região – e os trabalhadores rurais, majoritariamente negros, que continuaram trabalhando nas fazendas, após a abolição. A experiência do cativeiro foi requalificada no período do pós-abolição, o que para Hebe Mattos significou relações de trabalho e hierarquias baseadas nas relações escravistas (RIOS, MATTOS, 2005).
A fundação da Sociedade de Congada e Moçambique insere-se no contexto do pós-emancipação no Brasil que abrigou múltiplas modalidades de relações sociais.
As décadas de 1950, 60 e 70 foram marcadas por uma intensa migração dos membros da Sociedade de Congada e Moçambique para grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo – a maioria deles, filhos dos fundadores e por um grande êxodo rural em Piedade do Rio Grande, onde o campo não oferecia maiores possibilidades de trabalho e as cidades mais desenvolvidas apresentavam crescimento. Nesse quadro, a festa e a Sociedade de Congada e Moçambique ganhavam outro sentido: o retorno dos membros que tinham migrado para o reencontro com a cidade natal, com os membros familiares e com a própria Congada e Moçambique.
Para José Murilo de Carvalho, o sistema de trabalho na região de Piedade do Rio Grande, baseado na substituição do salário por parcerias, à meia ou à terça, trocas e serviços, sobreviveu com poucas alterações até 50 anos após a Abolição. Foi essa nova geração de congadeiros e moçambiqueiros, que segundo o autor migra “inicialmente para Volta Redonda, atraída pela construção da Companhia Siderúrgica Nacional, depois para São Paulo.” (JESUS, ALVES, 2011:14).
A ida para a festa de Nossa Senhora do Rosário significava, portanto, o retorno à Piedade do Rio Grande e o reencontro familiar.
É com o empenho dessa geração que o grupo consolida-se enquanto festa da cidade, porém, restrita ao grupo familiar dos congadeiros e moçambiqueiros. Para aqueles membros que não migraram, muitos eram os fundadores que continuaram trabalhando nas fazendas da região, a festa era o momento de descanso, quando deixavam as fazendas que trabalhavam e seguiam para a cidade. A festa estava restrita ao grupo dos congadeiros e moçambiqueiros e seus familiares e nos dizeres de alguns entrevistados “brancos não participavam”.
Atualmente, a maioria dos congadeiros e moçambiqueiros mora em Piedade do Rio Grande, aqueles que residem fora continuam indo para a festa (não são muitos) e a festa representa um espetáculo, no sentido turístico e ritualístico.
Fonte: Livia Monteiro.

Descrição: Também denominadas ternos ou companhias, as folias são manifestações culturais-religiosas cujos grupos se estruturam a partir de sua devoção aos santos como: Reis Magos, Divino Espírito Santo, São Sebastião, São Benedito, Nossa Senhora da Conceição, entre outros. Geralmente, são formados por cantadores e tocadores, podendo apresentar personagens, como reis, palhaços e bastiões, que visitam casas de devotos distribuindo bênçãos e recolhendo donativos para variados fins. Apresentam características regionais e as indumentárias variam de grupo para grupo, podem ser encontrados foliões que utilizam trajes militares, vestes de palhaço, máscaras ou roupas comuns. Os instrumentos que conduzem os cantos são as violas, violão, cavaquinho, pandeiro, bumbos, sanfona e caixas. Possuem como principal elemento simbólico a bandeira e organizam-se a partir de ritos, como o giro ou jornada, encontros, festas e cumprimento de promessas.
A tradição, de origem ibérica, faz parte das celebrações mais antigas e difundidas no estado de Minas Gerais e no Brasil, e, ao longo dos anos, foi se tornando um componente de considerável importância na construção do imaginário, identidade e memória individual e coletiva dos mineiros. As Folias reúnem em torno de si diversas práticas culturais, saberes, formas de expressão, ritos e celebrações, representando uma parte importante do patrimônio cultural mineiro.
Fonte: Iepha.

Histórico do município: Em 1748, Salvador Lourenço de Oliveira e sua esposa, Inácia Leme de Godói, ergueram uma capela na região com a imagem de Nossa Senhora da Piedade.
Ao seu redor, surgiu um povoado chamado Águas Santas. O nome era devido às águas minadas de uma gruta, que abasteciam os habitantes e eram consideradas milagrosas na localidade. Essas águas, que hoje são um atrativo da cidade, estão próximas à praça central, na Gruta Nossa Senhora da Piedade.
Em 1953, o povoado foi elevado à cidade com a denominação de Piedade do Rio Grande. Hoje, duas construções se destacam no patrimônio histórico do município: a antiga Igreja de Nossa Senhora da Piedade com seu campanário e a Fazenda Porto Real, onde teria se hospedado Dom Pedro I quando viajou do Rio de Janeiro para São João del-Rei.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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