Pouso Alegre – Fórum Orvietto Butti
O Fórum Orvietto Butti foi tombado pela Prefeitura Municipal de Pouso Alegre-MG por sua importância cultural para a cidade.
Prefeitura Municipal de Pouso Alegre-MG
Nome atribuído: Fórum Orvietto Butti
Localização: Praça Senador José Bento, nº 2 – Centro – Pouso Alegre-MG
Decreto de Tombamento: Decreto n° 2348/1999
Descrição: No dia 20 de janeiro de 1923, às 15 horas, foi inaugurado o edifício do Fórum, recentemente construído por iniciativa do Exmo. Sr. Senador Eduardo Amaral.
O Revdmo Sr. Bispo Diocesano, precedeu a bênção do palacete com grande assistência, tocando, nessa ocasião, a banda de música “Euterpe São Benedito”. Foi decerrada, no salão do júri, a cortina que cobria o nicho com a imagem do crucificado, seguida de palavras do Revdmo
que congratulou com o povo de Pouso Alegre, pelo importante melhoramento
adquirido, o importante edifício com que acaba de ser dotada a cidade, com amplas acomodações para os serviços de Fôro e da Câmara.
Estas informações constam do jornal “Semana Religiosa” de 27 de janeiro de 1923.
Sua planta e construção são de autoria do engenheiro Mário Gissoni responsável por inúmeras obras arquitetônicas da época em Pouso Alegre e cidades vizinhas. Nele também seguiu as tendências do estilo eclético, com grande desenvoltura, já que utilizou, largamente, de elementos decorativos vários que dão ao prédio, apesar do excesso, uma agradável aparência.
Nele funcionou até o ano de 1981 a Câmara Municipal, agora instalada em prédio próprio e por ele passaram juízes e promotores de grande saber que marcaram a história jurídica da cidade com sua atuação.
Pontificando na Avenida Dr. Lisboa em frente à Praça Senador José Bento, o edifício do Fórum atrai olhares pela beleza de sua arquitetura, agora, destacada por pintura que lhe realça os elementos decorativos.
Fonte: Dossiê dos Bens Tombados da Cidade de Pouso Alegre, abril de 1998.
Histórico do município: A história de Pouso Alegre, antigo Arraial de Bom Jesus de Matozinhos do Mandu, tem início no despertar social e econômico da rica região sul-mineira. Data mais ou menos de 1596 o devassamento pelos bandeirantes paulistas do Alto Sapucaí, por onde passaria, em 1601, a expedição de D. Francisco de Souza, da qual fazia parte o alemão Glimmer, o primeiro naturalista a penetrar naquelas paragens.
Pelos fins do século XVI já se sabia da existência de ouro no Alto Rio Verde e no Alto Sapucaí.
O primeiro marco de povoação em terras de Pouso Alegre teria sido lançado no século XVIII por João da Silva, assim relatado no “Almanaque Sul-Mineiro de 1874”, organizado por Bernardo Saturnino da Veiga: ‘Segundo tradição que se tem conservado, quem primeiro habitou às margens do Mandu foi o aventureiro de nome João da Silva.
‘Prosperando em sua lavoura, fez João da Silva, no fim do século passado, doação do terreno necessário à edificação de uma igreja dedicada ao Senhor Bom Jesus. Construiu-se a capela com auxílio de alguns moradores vizinhos e, no ano de 1795, o padre Francisco de Andrade Melo, que então residia na Paróquia de Santana do Sapucaí, veio celebrar a primeira missa que houve nesse lugar, ficando, desde então, como capelão particular.
‘Em 1797 o governador D. Bernardo José Lorena, Conde de Sarzedas, que de São Paulo fora transferido para a capitania de Minas Gerais, passou pelo nascente povoado, onde veio a seu encontro o Juiz de Fora de Campanha, Dr. José Joaquim Carneiro de Miranda.
‘Encantados pelo suntuoso panorama que se descortinava a seus olhos e pelos vastos límpidos horizontes que os cercavam, conta-se que um daqueles personagens dissera: ‘Isto não devia chamar-se Mandu, mas sim Pouso Alegre’. E daí veio a denominação que o povo e a lei posteriormente sancionaram’.
Segundo alguns autores, o batismo da localidade como Mandu se derivou da corruptela do nome de um pescador ou tropeiro, que se chamaria Manuel, atendendo pela alcunha de Manduca ou simplesmente Mandu, e que teria sido o primeiro povoador da região. Segundo outros, o nome veio do tupi-guarani mandi-yu (mandi = peixe e yu = amarelo). Atestam Marques de Oliveira e Augusto Vasconcelos que até 1799 a florescente povoação localizada às margens do Mandu era também conhecida pelo nome desse rio.
Crescendo a população do lugar, a cerca de seis léguas da Freguesia de Santa Ana do Sapucaí, surgiu em 1789 a ideia da construção de uma capela, que foi erguida em terreno doado por Antônio José Machado e sob a invocação do Senhor Bom Jesus de Matozinhos. Benta possivelmente em 18 de abril de 1802, teve por capelão o padre José de Melo.
Oito anos depois de inaugurada a capela, o povoado foi elevado à categoria de freguesia. Nomeado vigário colado da vara da freguesia, o Padre José Bento Leite Ferreira de Melo, natural de Campanha, tornou-se figura central da história de Pouso Alegre em seu tempo.
Em 1830, o Padre Bento, auxiliado por seu coadjutor, padre João Dias de Quadros Aranha, fundou o Pregoeiro Constitucional, jornal de grande relevo na vida política da época, sendo o primeiro a sair no sul de Minas e o quinto na Província. Foi em suas oficinas que se imprimiu o projeto da nova Constituição do Império, chamada ‘Constituição de Pouso Alegre’, preparada por membros do Partido Moderador no intuito de satisfazer as exigências dos mais avançados e pacificar os demais.
Em 1832 foi levantado o pelourinho, símbolo da emancipação municipal, no Largo da Alegria. No ano seguinte, quando irrompeu a sedição militar em Ouro Preto, Pouso Alegre fez-se presente ao lado da legalidade, enviando numeroso contingente.
Com a renúncia do padre Diogo Antônio Feijó ao cargo de Regente do Império, e consequente mudança da situação política no País, foi organizado no município o Partido Conservador, chefiado por Antônio de Barros Melo.
Em 1842 agravaram-se as lutas políticas locais em consequência da agitação em todo o país, que culminou com a Revolução de 1842, atingindo as Províncias de São Paulo e de Minas Gerais. Em Baependi, no sul de Minas, travou-se um combate, com a participação de 360 soldados legalistas de Pouso Alegre, comandados pelo Coronel Julião Florêncio Meyer.
Em fins de 1849, teve início a construção da nova matriz, benzida em 21 de novembro de 1857 e posteriormente transformada em catedral. Demolida esta, construiu-se outra para sede do Bispado.
Fonte: IBGE.