Sacramento – Casarão do Desemboque


Foto: Luis Leite – Imagem: Prefeitura Municipal

O Casarão do Desemboque foi tombado pela Prefeitura Municipal de Sacramento-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Sacramento-MG
Nome atribuído: Casarão do Desemboque
Localização: R. Nossa Senhora do Desterro – Distrito de Desemboque – Sacramento-MG
Decreto de Tombamento: Lei nº 406, de 06/10/1993
Inventário Municipal – 2020

Descrição: Desemboque é um distrito de Sacramento localizado a 64 km da cidade. A exploração do Arraial do Desemboque teve início em meados do século XVIII, e se constituiu através da mineração de pedras preciosas e ouro. Em um cenário de crescimento, Desemboque foi um polo atrativo de pessoas oriundas de diversas cidades; com o declínio da mineração na primeira década do século XIX, a localidade passou a investir na agricultura.

Hoje, com 278 anos, essa terra do “Sertão da Farinha Podre” mostra ter sido palco de diversos acontecimentos históricos. Em cada construção antiga do Desemboque descobrimos um pouco de seus antepassados, ou seja, um conjunto de histórias de alegrias e tristezas, vivenciadas nos grandes bailes, nas brincadeiras de crianças, nas conversas entre vizinhos e famílias, e tantos outros momentos marcantes relatados na tradição oral.

O último resquício do casario do Julgado de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque, construído provavelmente em meados do século XVIII, é hoje conhecido por “Casarão do Desemboque”. Ele serviu de morada para diversas famílias influentes a partir do século XIX, como a família do jurista, Dr. Ariovaldo Alves e de Chico Simão; o Casarão também serviu como comércio, consultório dentário e barbearia.

A arquitetura carrega traços do período colonial, com características portuguesas adaptadas à realidade local. Com alicerces de pedra seca e escadas de rochas lavradas ou retiradas do Rio das Velhas, paredes externas de adobe e as interiores de pau-a-pique; o madeiramento de baldrames de aroeira e caibros roliços de canela-de-velha, coberta por telhas de barro em cumeeira feita de madeira lavrada; portas trabalhadas na frente, com solteiras de pedra embaixo e portas com folhas de abrir, de bálsamo. O assoalho com tábuas largas e rejuntadas sobre mourões lavrados a machado; um porão alto para os fundos (CERCHI, 1998).
Em 1998 foi realizado um trabalho de recuperação total no Casarão por parte da Prefeitura Municipal de Sacramento e do Ministério da Cultura; até então a construção estava em estado de completo abandono.

Em artigo na Revista Destaque In (1998, p. 33), o professor Carlos Alberto Cerchi defende a importância da preservação do patrimônio arquitetônico em todas as esferas: “a reconstrução da história e consolidação da cultura não se faz somente com argamassa e tijolos. Impedir que desapareçam os vestígios da nossa história é tarefa de todos”, diz ele, retratando assim o papel fundamental das pessoas na preservação da história.

Referência: CERCHI, Carlos Alberto. “Casarão do Desemboque”. Destaque In, Sacramento, ano 3, nº18, p.32 a 34, Fevereiro de 1998.
Ficha de Inventário do município de Sacramento de 2004, acessada no Arquivo Público Municipal de Sacramento.
Texto: Eliana Garcia; Maria Clara Ribeiro

Revisão: Dimas Da Cruz Oliveira
Fonte: Prefeitura Municipal.

Histórico do Município: Desemboque foi o centro de onde partiram expedições várias a explora o sertão da Farinha Podre, atual Triangulo mineiro. Em uma dessas bandeiras, em 1808, partiu o vigário de Desemboque, Pe. Hermógenes Cassimiro de Araújo Branswick. Quando a expedição atingiu o rio Borá encontrou um bom número de garimpeiros e mineradores estabelecidos. Com o auxílio de todos, que se reuniram ao encontro da expedição, levantou Pe. Hermógenes um cruzeiro, ao pé do qual celebrou missa. Na sua volta, depois de explorar grande parte do Triângulo Mineiro, Pe. Hermógenes fez construir, no mesmo local onde se erguera o cruzeiro, um pequeno oratório dedicado ao Santíssimo Sacramento. Chegado ao Desmboque, requereu a Dom João licença para, naquele local, erguer uma capela. A provisão régia de 17 de dezembro de 1819 concedia licença para ereção da capela ‘com o orago do Santíssimo Sacramento, apresentado pelo patrocínio de Maria, à margem do rio Borá’. O bispo de Goiás, Dom Francisco Pereira de Azevedo, à vista da provisão real, concedeu, a 20 de abril de 1820, licença ao Pe. Hermógenes, para benzer a pedra fundamental, construir a capela, benzê-la, ao mesmo tempo em que determinava instruções a respeito do patrimônio da mesma. Este patrimônio foi logo constituído por doação de 214 alqueires de terras, avaliados, então, em 135 mil réis, pelo capitão Manoel Ferreira de Araújo e sua mulher, Joaquina Rosa de Santana. Conforme ata lavrada a 24 de agosto de 1820, o Pe. Hermógenes, acompanhado de seu codjutor, Pe. Silvério da Costa e Oliveira, que estava funcionando como capelão da de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, leu as provisões, e, com a provação de todos os moradores, foi assinalado, para construção da capela, ‘o mesmo lugar em que está fundado o oratório’. O oratório foi, desde logo, declarado Capela Curada.

Logo se formou o povoado que, por lei nº 804, de três de julho de 1857, foi elevado a categoria de freguesia. O primeiro vigário Pe. Antônio Lisboa Lima. (Anuário Eclesiástico de Uberaba).

Com a denominação de Santíssimo Sacramento, foi criada a vila e o município, desmembrado do de Araxá, pela lei nº 1.637, de 13 de setembro de 1870.

Com a mesma denominação de Santíssimo Sacramento, foi a vila elevada a categoria de cidade, pela lei nº 2.216, de três de junho de 1876.

Na divisão administrativa de 1911, a cidade figura com o nome de Sacramento. Fica na zona do alto Paranaíba. O município é constituído de dois distritos: Sacramento e Desemboque.
Fonte: Prefeitura Municipal.


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