Santo Hipólito – Distrito Nossa Senhora da Glória
O Distrito Nossa Senhora da Glória foi tombado pela Prefeitura Municipal de Santo Hipólito-MG por sua importância cultural para a cidade.
Prefeitura Municipal de Santo Hipólito-MG
Nome atribuído: Distrito Nossa Senhora da Glória
Localização: Distrito de Nossa Senhora da Glória – Zona Rural – Santo Hipólito-MG
Descrição: Historicamente, temos como ponto inicial da ocupação a Fazenda do Brejo, considerada a mais antiga do município de Diamantina (datada de 1.730), que na época do ciclo do ouro e diamante teria sido adquirida pelo Capitão Antônio Pereyra de Abreu, considerado um intercambiador de diamantes vindos das serras de Diamantina, uma vez que a Fazenda era ponto de descanso e reabastecimento.
“D. Lourenço de Almeida (…)
Fasso saber aos q. esta minha carta de Sesmaria virem q. tendo respêyto ao q. me representou em sua petição Domingos Coelho Ferro dizendo me que elle era senhor e possuidor de hua sorte de terras citas onde chamão pissarão, nas quais tem elle engenho de agoas ardentes (…) as quais terras houve por título de compra a Suzana Maria da Encarnação, e esta pelo mesmo título a houve do Capitão Antonio Pereyra Abreu, o qual fôy o primeiro que (…) povoou, cujas terras principião da Barra do Riacho chamado Pissarão pelo Rio das Velhas assima athé a Barra do Rio Paraúna (…) q. E hua legoa, e pello d. Paraúna assima athe a barra do riacho chamado Galhêyro q. são duas legoas fazendo extrema da parte do norte com Antonio Ribeiro Guimarães e Domingos Rabello Falcão, e da parte sul com Alexandre de Souza Flory (…) e Manoel de Mendonça Lima (…)” (grifos nossos).
Vila Rica, 21 de março de 1.730
Consta dos assentos legais da época que, os primeiros registros de transferência das terras da Fazenda do Brejo foram feitos em nome de Domingos Ferro Coelho, igualmente, precursor do povoado de Bom Jesus do Piçarrão, que foi habitado por viajantes que passavam e eram “fisgados” pelas boas qualidades das terras.
O navegador Richard Burton, em passagem pela região navegando pelas águas do Rio das Velhas no século XIX, descreve a casa da fazenda como uma bela engenhoca. Embora sem documentos comprobatórios, corre boatos de que a Fazenda do Brejo teria sido passado pela Companhia Rio das Velhas, que em meados de 1924, teria sido vendida para um Doutor que vinha de Oliveiras e, posteriormente, vendida para a Companhia Pereira Carvalho, cujos sócios seriam Antônio Domingos, José Augusto Abreu, Herculano Augusto Abreu e Adelino Augusto Abreu, que na época exploravam as madeiras da região.
Consta dos assentos legais da época que, os primeiros registros de transferência das terras da Fazenda do Brejo foram feitos em nome de Domingos Ferro Coelho, igualmente, precursor do povoado de Bom Jesus do Piçarrão, que foi habitado por viajantes que passavam e eram “fisgados” pelas boas qualidades das terras.
O navegador Richard Burton, em passagem pela região navegando pelas águas do Rio das Velhas no século XIX, descreve a casa da fazenda como uma bela engenhoca. Embora sem documentos comprobatórios, corre boatos de que a Fazenda do Brejo teria sido passado pela Companhia Rio das Velhas, que em meados de 1924, teria sido vendida para um Doutor que vinha de Oliveiras e, posteriormente, vendida para a Companhia Pereira Carvalho, cujos sócios seriam Antônio Domingos, José Augusto Abreu, Herculano Augusto Abreu e Adelino Augusto Abreu, que na época exploravam as madeiras da região.
Em 1934, a fazenda foi comprada pelo Senhor Clarindo Ribeiro da Glória, conhecido na região por Major da Glória ou simplesmente Major.
Percebe-se que a localidade teve sucessivos nomes, inicialmente Piçarrão, que com o passar do tempo passou a ser chamado de Bom Jesus do Piçarrão e em 1875 passou a ser denominado de Nossa Senhora da Glória.
Os registros históricos dão conta que nesta mesma época, precisamente em 29/10/1875, foi criada a paróquia de Nossa Senhora da Glória, sendo a mesma instalada em 07/08/1876, estando a frente o primeiro Vigário/Padre Miguel Venâncio da Glória, permanecendo como pároco no período compreendido entre os anos de 1.876 a 1899. De acordo com contos dos mais velhos, a tradicional Igreja matriz fora construída em cima de um cemitério – este que só era enterrado aqueles que tinham posse, os demais, como os escravos, eram enterrados em qualquer outro lugar. A matriz foi construída com apenas uma torre, numa reforma coordenada pela família Glória, em meados de 1960, fora ampliada e colocada mais uma torre, deixando com as características atuais.
Finalizando àquela sucessão de nomes atribuídos à localidade, por fim em 1943 passou a ser denominada somente “Senhora da Glória”, através de um Decreto-lei Estadual, datado de 31 de julho de 1943 (não consta o número).
Inicialmente, a localidade de Nossa Senhora da Glória era denominada de 17º distrito do município de Diamantina, entretanto, através de Lei (não consta o número), em 07 de setembro de 1923, foi desvinculada daquele município e é anexada ao então recém criado município de Corinto.
Posteriormente, a localidade sofre mais uma mutação (desvinculação/anexação) com a emancipação do distrito de Santo Hipólito à condição de município, desvinculando-se de Corinto e anexando-se ao recém emancipado município de Santo Hipólito, em 30/12/1962, permanecendo até os dias de atuais.
Assim, solidifica-se o estabelecimento do atual distrito de Senhora da Glória, pertencente ao município de Santo Hipólito, com suas peculiaridades locais, bem como de vilarejos limítrofes como o denominado Caquende, cuja peculiaridade histórica dá conta de ter sido o mesmo, colonizado por um grupo de franceses cujos traços europeus são facilmente perceptíveis em sua população na atualidade (olhos e cabelos claros).
Nos últimos tempos, o distrito de Senhora da Glória teve sua trajetória conduzida pela tradicional família Glória, na figura de Clarindo Ribeiro da Glória, mais conhecido pelo codinome “Major da Glória”, ou simplesmente “Major”.
Nascido na Fazenda do Brejo, por volta de 1882, saiu de lá por volta dos sete anos de idade quando o seu pai perdeu quase tudo o que havia construído devido ao fim da escravidão. Em Senhora da Glória, sua mãe tinha uma pensão para tropeiros onde hospedavam principalmente ingleses que se encontravam de passagem. No primeiro decênio desse século, Senhora da Glória teve grande parte de seu desenvolvimento relacionado ao transporte de dormentes para a estrada de ferro que desciam pelo Rio das Velhas através da balsa do Major, meio de transporte fundamental para a região, que conduzia, entre seus passageiros, muitos ingleses que pernoitavam no estabelecimento de sua mãe.
O distrito de Senhora da Glória durante algum tempo serviu de elo entre os municípios de Curvelo, Corinto e Santo Hipólito, de forma que muitas pessoas oriundas daqueles lugares – sobretudo de Santo Hipólito – se deslocavam até Senhora da Glória a cavalo e de lá tomavam a balsa que os conduziam aos seus destinos – principalmente, o outro lado do rio.
A história nos conta que por volta do ano de 1.906, o então Major (Major da Glória) construiu um engenho para produção de cachaça, localizado na Fazenda da Glória, que apesar de não ser o primeiro da região, foi o que teve maior desenvolvimento, transformando-se numa indústria, trazendo muitos benefícios para a região.
Após a fábrica sair do poder da família Glória, passou por sucessivos donos, inclusive em tempos recentes passando a produzir etanol, embora não tendo resistido às constantes mudanças que vieram a acarretar seu fechamento em meados de 2012.
O momento atual, podemos constatar que a economia local está baseada principalmente na agropecuária (sobretudo praticada por pequenos produtores rurais), na pesca esportiva pelo Rio das Velhas e no turismo pelas praias do Rio Paraúna.
Até aqui, procuramos contextualizar o aspecto histórico da localidade desde sua origem, passando pelos primeiros proprietários, passeando pelos ciclos produtivos experimentados pelo distrito, porém, não podemos deixar passar sem referência figuras locais marcantes como o maestro e instrumentista Juca Caldeira.
Não menos importante a figura do Padre José Machado, construtor da Capela de Senhora da Glória em meados do ano de 1.906, que apesar das várias reformas experimentadas, mantém-se fiel à sua arquitetura original (atualmente, estado precário/precisando de reforma).
Até no aspecto arquitetônico, ainda é possível vislumbrarmos em algumas casas a predominância de uma estrutura arquitetônica antiga, na qual a riqueza de detalhes impressiona.
Por fim, ainda que numa proporção menor percebe-se uma grande relação de todo o histórico do distrito com seu atual estado de existência, sobretudo, no amor que sua população representada por cada morador presente ou que por ali um dia passou nutre por esse pedaço de chão mineiro a que se convencionou chamar GLÓRIA.
Fonte: Dossiê de patrimônio histórico do Município de Santo Hipólito.
Histórico do município: Originou-se da construção de uma ponte sobre o rio das Velhas, em 1910, para dar passagem ao ramal da estrada de ferro que ligava Corinto a Diamantina. Anteriormente um pequeno povoado pertencente a Nossa Senhora da Glória, Diamantina, foi tomando forma de cidade, sendo construídas casas para abrigar as famílias dos empregados da antiga estrada de ferro Central do Brasil (R.F.F.S.A).
No local foi instalada uma grande Serraria, A Serraria Moreira e Silva, para suprir as necessidades de fornecimento de madeira para a construção das estradas e da ponte sobre o Rio das Velhas, que deu oportunidade de empregos para muitos que vinham em busca de oportunidades.
Fazendo as escavações para a edificação dos pilares de sustentação das duas pontes, às margens do rio das Velhas, os trabalhadores encontraram uma imagem de Santo Hipólito, o que deu o nome ao povoado. Sua instalação definitiva como município data de 1962. Teve seu território desmembrado do município de Corinto. A ferrovia trouxe grande desenvolvimento econômico para a localidade que em 1911 já contava com a primeira escola pública.
Fonte: Governo do Estado.
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Muito rica essa matéria. Sei que a minha bisavó veio veio dessa origem de Caquende, pelo que vi os traços de meu pai são de franceses: olhos azuis e pele bem clara.
O pai do major, Juscelino Ribeiro da Gloria era meu trisavo. Morreu exatamente em 1882 quando perdeu quase tudo com o fim da escravidao. So tinha trinta anos na epoca e o Major tinha um ano de idade como consta no inventario do Juscelino que esta na mitra arquidiocesana de Diamantina.
Muito rica essa matéria e acho que deveria ser mais divulgada por que faz parte da cultura local o conhecimento de suas origens suas identidades local e patrimonial sobre suas características sua formação e sobre o desenvolvimento e as condições diversas tanta no presente quanto no passado.