Valença – Fazenda Santa Mônica: casa


 

Imagem: Inepac

A Fazenda Santa Mônica: casa, em Valença-RJ, foi tombada por sua importância cultural.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Fazenda Santa Mônica: casa
Localização: Valença-RJ
Número do Processo: 881-T-1973
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 444, de 17/12/1973

Descrição: A sede da fazenda, à margem do Rio Paraíba do Sul, segue o padrão urbano para sobrado, aqui ampliado em terreno plano e sem limites de vizinhanças. Volume em “U”, formado pelo pátio interno, a planta é típica da arquitetura praticada no século XIX para a zona rural, separando e isolando as diversas áreas de distribuição de uso. Assim no primeiro piso, além do vestíbulo de acesso ao sobrado, encontram-se as áreas de serviço, com depósitos, despensas e cozinhas, junto à essa o acesso de serviço ao segundo piso. O vestíbulo tem tratamento próprio das áreas sociais, onde se encontram os melhores acabamentos, aqui ainda marcando o centro da edificação, bem ao gosto clássico com a elegante escada de acesso iluminada por claraboia demarcando e destacando esse nobre cômodo. No sobrado, à frente, as salas de estar, receber, música, jantar, escritório e quartos para hospedagem, comuns no programa rural. A sala central abre-se para sacada com guarda corpo de ferro que compõe, com a porta principal do primeiro piso, o eixo da composição. Em cada lateral que se desenvolve formando o pátio interno, estão os quartos de dormir e a área íntima da família. A Fazenda pertenceu ao Marquês de Baependi cujas iniciais “MB” estão na bandeira de ferro batido da porta principal. O nome “Santa Mônica” é uma homenagem à sua esposa – Francisca Mônica – pais do Barão de Santa Mônica, sogros do Duque de Caxias que aí faleceu em 1880. O Marquês de Baependi (1765, MG/1847, RJ) era dos mais ilustrados homens do ciclo do café: doutor em matemática e filosofia pela Universidade de Coimbra; lente da Real Academia de Marinha de Lisboa (1791/1801); Inspetor das nitreiras e fábricas de pólvora em Minas; Marechal de Campo; Conselheiro de Estado em 1823; Deputado Constituinte; Presidente do Senado e Ministro da Fazenda.
Fonte: Iphan.

Descrição: A história da Santa Mônica começa com o Manoel Jacinto Nogueira da Gama, que recebeu de D. João VI enorme extensão de terras pela margem esquerda do Rio Paraíba do Sul. A sesmaria recebida pelo era fora dos padrões normais da época e compreendia cerca de 10.800 alqueires geométricos, mais de 520Km². Para se ter uma idéia melhor do tamanho dessa área, basta dizer que equivalia a 12 sesmarias de 1 légua em quadra, representaria aproximadamente um retângulo de 79 Km por 6,6.

Santa Mônica, a maior fazenda do Marquês de Baependi e uma das mais importantes da região, foi fundada na segunda década do século XIX e seu nome foi uma homenagem à Marquesa de Baependi, Francisca Mônica Carneiro da Costa Nogueira da Gama. Com o falecimento do marido as fazendas passaram à Marquesa. Com a morte dela e, em 1876, do Barão de Juparanã (viúvo e sem filhos), seu herdeiro único foi seu irmão o Barão de Santa Mônica que entre outros bens, recebeu a Fazenda Santa Mônica, na época com 580 alqueires.

Em 07 de maio de 1880 morreu nesta fazenda o Marechal Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, sogro do Barão de Santa Mônica. Em 1884, como aconteceu com tantas outras propriedades ao final do ciclo cafeeiro, a fazenda estava hipotecada ao Banco do Brasil junto com outros bens de família para garantir uma dívida de 436 contos de réis. Em 1912 a fazenda passa do Banco do Brasil para o Governo Federal, através do Ministério da Agricultura.

O Solar da Santa Mônica, tombado pelo Patrimônio Histórico, é acessado por dois grandes portões e por dois caminhos laterais a partir dos fundos. pela sua frente, os antigos e enormes terreiros de café hoje estão arborizados e guarnecidos pelas Palmeiras Imperiais. Pela entrada que passa pela esquerda do casarão, pode-se observar os muros de arrimo de pedra com 5 metros de altura, contendo o morro lateral e deixando livre, segura e plana a área onde foi construído o solar. Ainda por este lado, escadarias de pedra lavrada dão acesso a um platô superior onde localizava-se construções de serviço do conjunto agrícola. O Solar da Santa Mônica, em formato de “U”, é grandioso e possui dois andares, não foi construído encostado em barranco como tantos outros e sua posição é solta no meio do pátio. Ainda mantém as linhas originais e obedece ao estilo mais representativo dos casarões do café, com correr de janelas em toda a volta do segundo andar e portas no primeiro. Possui mais de 80 cômodos, 105 janelas, 144 porta e seis escadas internas, tudo suportado por paredes externas com 1 metro de espessura no primeiro piso.

As linha sóbrias do casarão são arrematadas, na entrada principal, por um alpendre com estrutura de ferro fundido que, por atingir os dois níveis da casa, cria uma sacada coberta em frente às três portas do salão principal do 2º piso. Na ala lateral esquerda do primeiro piso ficavam os dormitórios dos escravos que atendiam aos serviços domésticos do solar. Por isso não há portas nesta extensa lateral térrea e sim 3 pequenas janelas gradeadas. Já no segundo pavimento existem 11 janelas nesta fachada. No interior, totalmente desprovido de móveis e objetos de arte que foram leiloados, os grandes salões sociais, outras salas e quartos comunicam-se entre si, no modelo típico da arquitetura da época, embora existam, também corredores laterais. Na parte superior direita ficam as salas e dormitórios. Pela saleta de entrada do térreo depara-se com duas ricas portas largas de madeira trabalhada com vergas em arco pleno em cujas bandeiras, de ferro fundido trabalhado, estão “bordadas” as iniciais do Marquês de Baependi. Por trás delas abre-se a grandiosa escadaria de madeira em curva de acesso aos salões do segundo piso e, por cima dela, uma grande clarabóia favorece a iluminação.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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A Casa Senhorial


6 comments

  1. Rosângela |

    Pessoas responsáveis, a fazenda está caindo aos pedaços, literalmente. Mandem alguém para restaurar a fachada, quanto mais tempo demorar, maiores os estragos. Please!

  2. Antonio Alfredo Baronto Marinho |

    Meu avó, Alfredo Dalmiro Baronto, morou na fazenda Sta. Mônica, onde trabalhou como “inspetor de alunos”, e da qual, já casado e com 3 filhas, foi para Alto Rio Doce/MG, como fiscal do DIPOA, cargo e função que exerceu até se aposentar. Era auto-didata, e, em ARDoce, por seu saber juridico, atuou em diversos julgamentos, como “rábula” – defensor público. Era outra época, e, a formação lograda no curso de sua vida teve, na fazenda, a oportunidade do conhecimento com que suportou a sua vida e da família, com todos os encargos inerentes. Minha bisavó, Cecilia Marcondes Baronto, em 1960, à época, e, lúcida, historiou que conheceu Duque de Caxias – Luiz Alves de Lima e Silva- já muito idoso, correndo pela fazenda, com uma vara nas mãos, como se estivesse a comandar soldados. Também este triste episodio faz parte de nossos heróis, humanos que somos, todos.

  3. nahime Mohana |

    Boa tarde!
    Gostaria de saber se a Fazenda Santa Mônica, está aberta para visitação ao Publico e qual o valor. O que oferece além da visita guiada.
    Valor adulto e criança 6 anos.
    At.te
    Nahime mohana

    1. Bom dia,
      Atualmente, funciona na Fazenda o Campo Experimental de Santa Mônica (CESM – Valença/RJ), da Embrapa.
      Sugerimos que entre em contato diretamente com a instituição.
      Os contatos que encontramos online são os seguintes:
      Telefone: (24) 2471-5044
      E-mail: [email protected]
      Atenciosamente,
      Equipe iPatrimônio

  4. Degairde Aparecida da Silva |

    Sou do tempo em que o escritório do Ministério da Fazenda funcionava no prédio. Amava quando via o pátio cheio de funcionários. A sirene para chamada ou entrada dos funcionários para o trabalho. Lembro que para cuidar do jardim, que estava sempre primoroso, havia dois funcionários. Muitas entradas e escadas. Ficava imaginando como seria viver naquele tempo.
    E hoje sei que pisei onde personagens da nossa história viveram.
    Tenho muitas saudades de lá.

  5. Roberto Rodrigues Neto |

    É um verdadeiro absurdo, o abandono por parte de todos. Governo Federal, Ministério do Exercito, Governo Estadual, Municipal de Valença e IPHAN.
    fiquem todos cientes, que esse solar, foi o primeiro, em todo o Município de Valença. Isto é historia.
    Essa família que remonta no Brasil ao século XVII, com o tataravô do Barão de Juparanã, com um currículo incrível, em préstimos ao Brasil, está com seu passado jogado as traças.
    É vergonhoso, aguardar passivos ao seu desmoronamento.
    Um país que despreza o seu passado e seus heróis “vide o tataravô do Barão, que lutou contra os franceses na tentativa de saque em Paraty, esses políticos, sequer são dignos de votos.

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