Belém – Cemitério de Nossa Senhora da Soledade


Imagem: Google Street View

O Cemitério de Nossa Senhora da Soledade foi criado no séc. XIX após uma epidemia de febre amarela.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Cemitério de Nossa Senhora da Soledade: conjunto paisagístico
Localização: Av. Serzedelo Corrêa, nº 514 – Batista Campos – Belém-PA
Número do Processo: 376-T-1948
Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: Inscr. nº 29, de 23/01/1964

Prefeitura Municipal de Belém-PA
Nome Atribuído: Cemitério Nossa Senhora da Soledade
Localização: Belém-PA

Descrição: A epidemia de febre amarela, em meados do século XIX, tornou necessária a construção de um novo cemitério na cidade de Belém. Pois o antigo, no Largo da Campina, só era utilizado por escravos e desvalidos, preferindo os de melhores condições continuar enterrando dentro das igrejas (apesar da proibição). Então, em janeiro de 1850, foi inaugurado o novo cemitério, com capela de Nossa Senhora da Soledade construída pelo Capitão Joaquim Vitorino de Sousa Cabral. “Capela neoclássica, com sineira serrada, posterior, em largo arco, no oval elementos de sobrevivência formal barrôco-pombalina se ajustam a uma base bem clássica”. No entanto, a nova necrópole apresentava vários problemas, como a localização em área no centro da cidade, pequena extensão, além de problemas higiênicos. Em dezembro do mesmo ano, passou o cemitério para a Santa Casa de Misericórdia, ficando à cargo desta as obras de acabamento.
O pórtico e o portão tem desenho do arquiteto-engenheiro Pezerat, sendo talhado em cantaria de pedra-de-lioz, lavrada e escoada. O gradeamento de ferro foi importado da Inglaterra. As obras de melhoramento ficaram prontas em 1854. Em 1863, o cemitério passou por várias transformações. O arvoredo de casuarina foi derrubado, as grades de madeira foram substituídas por parapeitos de tijolinhos côncavos, e a capela retalhada e caiada. Em 1880 os sepultamentos foram encerrados. Entre os monumentos funerários de maior destaque está o jazigo do General Hilário Maximiliano Antunes Gurjão. Construído nas oficinas de Lombardi, na Bréscia, com trabalho de escultura feito pelo professor Allegretti, do Instituto de Belas Artes de Roma. Entretanto, apesar de desativado, o cemitério de Soledade é ainda muito procurado. Tanto por famílias de pessoas sepultadas, quanto pelo dia das almas (segunda-feira). Portanto, se faz necessária a recuperação da Capela e demais áreas de uso comunitário.
Fonte: Iphan.

Lady of Solitude Cemetery, in Belém: The inauguration in 1850 of the Cemitério Nossa Senhora da Soledade (Lady of Solitude Cemetery), in Belém, Pará State, Brazil, marks the historical moment when burials previously performed in churches or their vicinity, were moved to a public space. The number of people buried exceeds 30,000, a number swollen by the victims of two epidemics: yellow fever (1850) and cholera (1885). The design of the cemetery was inspired by the monumental style first used in European cemeteries, following the style known as romanticism, with adoption of materials, works of sculpture and stonework from Portugal and Italy. There are mausoleums and tombs with rich funerary symbolism, revealing ideals of that period, socioeconomic factors, occupations, and family and marital values. This rich style reflects the economic power brought by natural rubber production boom in the Amazon region. The burials ceased in 1880, but people continued visiting this place. A new use for the space was developed: manifestations of devotion to the holy souls in purgatory next to the main cross and popular devotions at specific graves. Without burials, the former cemetery began a process of rapid degradation. The land became the subject of urban speculations that included demolition for road widening and construction of a housing complex. A mobilization of intellectuals resulted in it being listed by the National Historical and Artistic Heritage Institute (IPHAN) in 1964, avoiding its destruction.
Fonte: IPHAN (Paula Andréa Caluff Rodrigues).

Histórico do município: A história da cidade de Belém confunde-se com a própria história do Pará através de quatro séculos de formação e desenvolvimento.
Coube a Francisco Caldeira Castelo Branco, antigo Capitão-Mor do Rio Grande do Norte, um dos heróis da expulsão dos franceses do Maranhão, a honra de comandar uma expedição de 200 homens com o objetivo de afastar do litoral norte os corsários estrangeiros e iniciar a colonização do ‘Império das Amazonas’.
Em 12 de janeiro de 1616, a cidade de Belém foi fundada por Francisco Caldeira Castelo Branco. Lançou os alicerces da cidade no lugar hoje chamado de Forte do Castelo. Ali edificou um forte de paliçada, em quadrilátero feito de taipa de pilão e guarnecido de cestões. Essa fortificação teve inicialmente o nome de Presépio, hoje o histórico Forte do Castelo. Em seu interior, foi construída uma capela, sendo consagrada a Nossa Senhora da Graça. Ao redor do forte começou a formar-se o povoado, que recebeu então a denominação de Feliz Lusitânia, sob a invocação de Nossa Senhora de Belém.
Nesse período ocorreram guerras, em decorrência do processo de colonização através da escravização das tribos indígenas Tupinambás e Pacajás e da invasão dos holandeses, ingleses e franceses. Vencidas as lutas com os invasores, a cidade perdera a denominação de Feliz Lusitânia, passando a ser Nossa Senhora de Belém do Grão Pará.
Em 1650, as primeiras ruas foram abertas, todas paralelas ao rio. Os caminhos transversais levavam ao interior. Era maior o desenvolvimento para o lado Norte, onde os colonos levantaram as suas casas de taipa, dando começo à construção do bairro chamado de Cidade Velha. Na parte sul, os primeiros habitantes foram os religiosos capuchos de Santo Antonio.
Em 1676, chegaram, da ilha dos Açores, 50 famílias de agricultores, no total de 234 pessoas. Nessa época, destaca-se a construção da Fortaleza da Barra e do Forte de São Pedro Nolasco.
No século dezoito, a cidade começou a avançar para a mata, ganhando distância do litoral. Belém constituía-se não apenas como ponto de defesa, mas também centro de penetração do interior e de conquista do Amazonas.
A abertura dos rios Amazonas, Tocantins, Tapajós, Madeira e Negro para a navegação dos navios mercantes de todas as nações, no século XIX, após o período colonial, contribuiu para o desenvolvimento da capital paraense.
No início do século XX, ocorreu grande avanço na cidade de Belém, porém a crise do ciclo da borracha e a I Guerra Mundial influenciaram a queda desse processo de desenvolvimento.
Fonte: IBGE.

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Iphan
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Paula Rodrigues


5 comments

  1. Marco Antônio Oliveira |

    Faltou uma descrição mínima dos túmulos, como remissão a cada foto.. Por exemplo, quais são as esculturas de Allegretti e o que elas representam..

  2. o Cemitério está abandonado!
    o pórtico na entrada está comprometido, além de alguns jazigos!!!

  3. Almir silva |

    Acho fantástico, tomar conhecimento desses registros, que datam séculos passados, que marcam a cultura de uma época e que nos fazem viajar no túnel do tempo, pena que nem todo mundo valoriza isso. Sinto uma tristeza e ao mesmo tempo, uma revolta, quando vou ao cemitério de Santa Izabel ou quando passo na Serzedelo com a Gentil e vejo as condições do cemitério da Soledade, ambos num total abandono, por parte do poder público municipal: sujeira, mato alto, funcionários ociosos, escondidos por trás de sepulturas, furtos, assaltos à mão armada, roubos de lajes internas dos jazigos e a falta de guardas municipais.

  4. Prezados(as),

    Alguém sabe dizer se existia algum cartório que registrava as certidões de óbito dos sepultamentos realizados no cemitério N S da Soletade?

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