Itaperuna – Fazenda São Domingos


Imagem: Inepac

A Fazenda São Domingos em Itaperuna-RJ foi tombada por sua importância cultural para a cidade.

INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Nome atribuído: Fazenda São Domingos, Rodovia BR – 356, Itaperuna
Localização: Rodovia BR-356 – Barra do Piraí-RJ
Tombamento Provisório: 30/12/2008
Processo de Tombamento: E- 18/1.868/2008

Descrição: Há duas maneiras de se chegar à Fazenda São Domingos: a primeira – e mais utilizada – é a partir da cidade de Itaperuna, pela BR-356, em direção ao Distrito de Aré. Em Aré, uma estrada vicinal conduz até a entrada da fazenda.
Após 15 km, alcançam-se as instalações da Fazenda São Domingos, que fica situada à margem direita do Rio Muriaé, onde deságua o ribeirão de mesmo nome, com sua cachoeira e trechos de matas nativas, habitat natural para muitos pássaros como quero-queros, maritacas, papagaios, garças, irerês e marrecos selvagens. Ainda nessa parte da fazenda está localizada uma roda d’água, local onde provavelmente esteve instalado um dos engenhos da propriedade.
Outra possibilidade de acesso, também a partir de Itaperuna, é a estrada próxima ao Frigorífico Cubatão, que leva também a outras propriedades da região, sendo pouco utilizada devido às condições atuais de conservação em que se encontra.
A fazenda, cortada pela antiga estrada de ferro da Rede Ferroviária Federal, ainda preserva um pontilhão de pedra, e a estrada é usada “(…) como servidão de pedestres, com considerável fluxo, atendendo aos moradores da propriedade como também aos do Distrito de Aré” (BIZZO, 2008).

A casa-sede da Fazenda São Domingos foi construída, em 1840, seguindo a linguagem simples do colonial e mantendo as características mais comuns às casas de fazenda do Vale no que se refere à implantação, a solidez da edificação e a adequação à topografia do sítio natural. Entre elevações, matas, rochas, rios e cachoeiras, seu programa arquitetônico se desenvolveu organicamente e, ao longo do tempo, de acordo com a necessidade, evidenciado na sucessão de seus anexos, respeitando a paisagem privilegiada circundante (baseado em BIZZO, 2008).
A casa-sede e algumas benfeitorias, como antigas casas de colonos que formam uma pequena vila, estão assentadas sobre platô, tendo ao centro um grande jardim de formato retangular muito bem cuidado, protegido por um pequeno muro, contribuindo para a valorização do conjunto.
Projetada em forma de um “L”, a sede possui porão alto, sendo térrea em sua fachada principal, onde se localiza uma extensa varanda, possivelmente edificada entre as décadas de 1940-50 em substituição ao alpendre original.
Essa varanda contínua possui uma galeria de seis vãos em arcos retos adoçados nos extremos, e cobertura suportada por sete colunas de seção circular, que originalmente eram de madeira, e que funcionam, em suas
bases, como pilaretes para o guarda-corpo de ferro.
É nesta varanda que se localizam a porta principal de acesso – de duas folhas com almofadas rebaixadas – e as janelas de guilhotina com caixilhos de vidro. Nas extremidades das varandas estão localizados, de um lado, a porta de acesso ao escritório e, de outro, a esquadria que convida à pequena capela de São Domingos, uma grande porta almofadada de verga curva, que conduz ao interior da capela que em muito lembra os antigos oratórios mineiros.
A capela possui nave com um altar central, este com patamares em desníveis e revestimento em esmalte sintético nas cores azul e branco, onde estão dispostas diversas imagens, destacando-se a de São Domingos, provavelmente do século XIX. O altar é arrematado por um arco rendilhado de madeira, do tipo lambrequim, ladeado por nichos destinados a imagens menores. Na frente do altar está localizada a mesa para celebração.
A fachada posterior, voltada para o Rio Muriaé e para a BR-356, possui, no segundo pavimento, um alpendre com sequência de janelas tipo guilhotina de vidraças, que ocupa grande parte da fachada posterior.
Essa caixilharia corrida em sua extensão tem o objetivo de proteger o alpendre que, sem dúvida, é um dos ambientes mais interessantes da edificação, por proporcionar uma vista aprazível dessa parte da fazenda.
Na fachada lateral leste, que acompanha o declive natural do terreno, localiza-se uma grande área pavimentada onde está a piscina, a churrasqueira, e uma bancada com pia e tanque. Nessa parte da construção também se tem acesso ao porão que, segundo o proprietário, foi onde esteve instalada a senzala da fazenda.
No porão, que possui paredes com 45 cm de espessura, observa-se o barroteamento que sustenta o lindo piso de tábuas largas, do tipo paralelo. “Algumas vigas em madeira apresentam orifícios onde originalmente colocavam as grades das celas separando os escravos em reclusão” (BIZZO, 2008).
Na outra extremidade do “L” estão: a cozinha, a sala de almoço e as dependências dos empregados domésticos. Ainda nesta área se tem acesso ao restante do conjunto de edificações da Fazenda São Domingos, que compreende o curra, tulhas, serraria e pátios para secagem de grãos.
Na fachada lateral oeste, o corpo principal da casa-sede está geminado com um anexo, utilizado como uma residência independente, reformada posteriormente, mas que mantém as características externas dos outros anexos (baseado em BIZZO, 2008).
Ainda segundo a arquiteta Márcia Canedo Bizzo, responsável pela elaboração dos estudos de tombamento encaminhado por seus proprietários (2008), “o programa da casa é bem definido e sofreu poucas alterações com relação ao original, mantendo a tradição familiar brasileira. Os cômodos podem ser relacionados assim: a varanda com a capela ao fundo e à direita e um escritório à esquerda; a circulação principal e logo na entrada, à esquerda uma sala de estar ligada a um quarto de parede geminada à capela”.
Logo a seguir, a sala de jantar ligada à sala de almoço com despensa e banheiro, que mantém banheira original. Ela está integrada ao setor de serviços no “L”, da edificação, através de uma circulação, com acesso e vista para o pátio da piscina e porão, que leva a outra sala de almoço e à cozinha, que mantém em funcionamento, diariamente, seu fogão à lenha. A sala de almoço principal leva também a outra varanda integrada ao anexo lateral, que foi reformado posteriormente, servindo para uma nova residência, com sala e dois quartos.
A parte íntima se desenvolve ao longo do lado esquerdo da edificação, com relação à fachada frontal, com três grandes quartos, todos com banheiro, alguns construídos posteriormente, voltados para o exterior no lado leste e um ao fundo de outra varanda, onde termina a circulação do setor de serviços, e do lado direito em um quarto com banheiro com vista para o pátio da piscina e para o lado leste (BIZZO, 2008).
A casa possui paredes estruturais em tijolos maciços, apoiadas em embasamento de pedras. As paredes internas são apoiadas sobre vigamento de madeira, suportado por pilares em cantaria, conforme prospecção. O revestimento das paredes das salas e dos quartos, do corredor social e da varanda é despojado, apenas massa corrida e atualmente pintura PVA branco gelo. O forro em madeira original desses ambientes apresenta um desenho com quadros retangulares e molduras em alto relevo pintadas de branco,(…) com aeríferos centrais. (…) A copa e o banheiro são revestidos de cerâmica branca até a altura de 1,60 m. (…).
O telhado em telhas capa e canal mantém beiral para o pátio da frente, para os dois afastamentos laterais e para a fachada posterior. As telhas são artesanais, muitas gravadas com a data e o nome de quem as confeccionou.
Há anexos cobertos por telhas francesas também, mas em minoria, e os forros são todos em madeira.
O piso da área interna é constituído por tabuado de madeira original, muito bem conservado, com tábuas que chegam a ter a largura de uma cama de solteiro. O piso da varanda principal não é original, foi trocado há aproximadamente meio século atrás e se constitui hoje por cerâmicas hexagonais vermelhas. Já o alpendre, na fachada posterior, possui o piso também em cerâmica.
Fonte: Inepac.

CONJUNTO:
Barra do Piraí – Fazenda Espuma
Barra do Piraí – Fazenda Ponte Alta
Barra do Piraí – Fazenda Ribeirão Frio
Barra do Piraí – Fazenda São Luiz da Boa Sorte
Itaperuna – Fazenda São Domingos
Paraíba do Sul – Fazenda Maravilha
Paraíba do Sul – Fazenda Santo André
Rio das Flores – Fazenda da Forquilha
Valença – Fazenda Santa Rita
Valença – Fazenda Santo Antônio do Paiol
Valença – Fazenda São Paulo
Valença – Fazenda Vista Alegre

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Inepac


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