Passa Quatro – Estação Ferroviária


Imagem: Prefeitura Municipal

A Estação Ferroviária foi tombada pela Prefeitura Municipal de Passa Quatro-MG por sua importância cultural para a cidade.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Patrimônio Cultural Ferroviário

Nome Atribuído: Estação Ferroviária de Passa Quatro; Terreno da estação Ferroviária de Passa Quatro
Localização: Passa Quatro-MG
Decreto de Tombamento: Lei nº 11.483/07 e Portaria IPHAN nº 407/2010

Descrição: A estação de Passa Quatro foi inaugurada em 14 de junho de 1884 pela então Minas and Rio Railway Co. quando a abertura da linha foi feita com a viagem inaugural que contou com a presença de D. Pedro II e comitiva.
O pátio da estação chegou a ser enorme devido a necessidade de se dividir as composições que eram enviadas a Cruzeiro e teriam que enfrentar o forte aclive da Serra da Mantiqueira para chegar ao seu destino. Havia triângulo para mudança do sentido das locomotivas, caixa d’água, lenheiro e um depósito para manutenção das locomotivas que ficavam destacadas especialmente para tracionar e auxiliar os trens no trecho da serra.
Com o passar do tempo, o movimento foi diminuindo e junto com ele o pátio da estação até que em 1991 foi fechado juntamente com a estação e a linha desde Cruzeiro até Três Corações.
Em 2004, graças a atuação da ABPF – Regional Sul de Minas, a estação voltou a ter vida com o Trem da Serra da Mantiqueira e hoje é um dos principais pontos turísticos da cidade.
Fonte: ABPF.

Prefeitura Municipal de Passa Quatro-MG
Secretaria Municipal de Cultura
Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural (Compac)

Nome atribuído: Estação Ferroviária de Passa Quatro
Localização: Praça Dr. Paulo de Frontin, nº 80 – Centro – Passa Quatro-MG
Decreto de Tombamento: Decreto n° 3.325/2006

Descrição: Quando a locomotiva nº 7, a famosa “Couto de Magalhães”, em homenagem ao segundo concessionário para construir a ferrovia The Minas and Rio Railway, pois o primeiro fora o Barão de Mauá, apitou na curva, a população da Passa Quatro e da região estremeceu: era a viagem inaugural, trazendo o Imperador D. Pedro II e sua imperial comitiva. A folhinha marcava: 14 de junho de 1884.
O Imperador saiu do vagão especial para receber os saudares do povo e das autoridades. O Imperatriz Teresa Cristina e o Marechal Conde D’Eu não saíram do vagão, e foi lá que receberam apenas Ana da Mota Pais e sua filha Francisca Ribeiro Pereira Tibúrcio, conforme relata Helena Carneiro em seu livro Memórias de Passa Quatro.
Ana da Mota Pais era a fundadora da cidade, quando iniciou, erguendo, em louvor a São Sebastião, uma capela. Como grande proprietária de terra, doara à ferrovia um alqueire de terreno para que nele fosse implantado o pátio ferroviário, além de ter incentivado outros fazendeiros a fazer o mesmo. A escritura do ato doatário foi lavrada em Pouso Alto, em 1882.
A ferrovia levantou a Vila de sua pasmaceira, pois quatro ano após a sua inauguração, um abaixo-assinado chegou a Ouro Preto, capital da Província, pedindo a emancipação do então Distrito da comarca de Pouso Alto. Em 1888, a lei foi votada e, em 1890, o município, instalado.
Com a ferrovia, os capitais antes investidos em tropas de carga, buscaram novos investimentos, e a lavoura fumageira avançou para se tornar a principal atividade econômica. Dezenas de armazéns de fumo surgiram. A cidade se expandiu. Novas ruas, praças e avenidas, novos loteamentos. Escolas, Santa Casa, hotéis, bares, jardins. Os chafarizes trocados por rede de água. As fossas trocadas por rede de esgoto, ambas redes projetadas pelo famoso engenheiro Paulo de Frontin.
A ferrovia permitiu a exportação de milhares de arrobas de fumo para vários estados. Centenas de empregos criados. Os viajantes viajavam com cadernetas quilométricas, emitidas pela ferrovia.
O hábito social alterado: aos domingos, a juventude municipal fazia o footing na estação em dois horários: no Expresso das 11, que buscava Cruzeiro, e no Expresso das 15 horas, que voltava de Cruzeiro.
Durante certo tempo, funcionou na estação um restaurante, onde até políticos de renome almoçaram, muitas vezes, quando visitavam a cidade.
Até 17 de julho de 1921, a cidade usava o telégrafo da estação para transmitir ou receber seus telegramas; após aquela data inaugurou-se a agência do Telégrafo Nacional, segundo o semanário passaquatrense Correio do Sul, de 24 de julho de 1938.
A diretoria da estrada de ferro estava sediada em Cruzeiro, SP. Em 1930, era seu diretor Alcides Lins. Quando explodiu a Revolução de 30, esse engenheiro, com a cooperação dos demais funcionários da Rede Mineira Viação, em pouco tempo, conse-guiu transferir a maior parte do material rodante para Passa Quatro, que passou a ser, então, a sede da ferrovia.
O trem que viera fechando a viagem, já numa operação de guerra, tivera uma missão: passar graxa nos trilhos buscando impedir ou retardar a possível perseguição das tropas paulistas.
Em Passa Quatro, Alcides Lins passou o seguinte telegrama para Alaor Prata, do Governo de Minas:
“Comunico estação rádio Cruzeiro fechada e não havendo lá elementos de resistência efetivo, vem acompanhado dos che-fes de tráfego. Todas as providências que tempo permitia foram tomadas. Todo o dinheiro aqui.”
Da estação de Passa Quatro expediu dezenas de telegramas às autoridades mineiras, informando, pedindo reforços, indi-cando estratégias, clamando providências; depois, quando as tropas paulistas desceram a serra, ele, sempre muito bem infor-mado, levou seus vagões e locomotivas para Soledade.
O pátio ferroviário era um grande depósito de lenha para mantença das caldeiras das locomotivas. Daqui até o alto da Mantiqueira, na boca do túnel, eram necessárias duas locomotivas para levar um trem até a estação de Cel. Fulgêncio. Em che-gando lá, uma máquina retornava a Passa Quatro, pois, para descer até Cruzeiro, uma locomotiva bastava.
Passa Quatro recebia quatro trens diários: dois expressos e dois mistos; um misto e um expresso iam para Cruzeiro e ou-tro tanto retornava.
Mas, geralmente, o misto das 18 horas para Cruzeiro sempre teimava em chegar às 21 ou às 22 horas…
Durante o governo Milton Campos houve, na Rede Mineira Viação, uma greve de repercussão nacional, que a escritora baiana Alina Paim registrou num romance: A HORA PRÓXIMA, onde a autora usou as estações de Cruzeiro e Passa Quatro como cenário para seus personagens, alguns verdadeiros.
Depois, que a ferrovia passou a usar locomotivas movidas a óleo, algumas pessoas pobres que moravam ao longo da linha sofreram no bolso com este avanço tecnológico: os maquinistas atiravam feixes de lenha para tais moradores…
Quando ainda não se falava em asfaltar as estradas de terra do Sul de Minas, a Rede Mineira Viação colocava, na época do veraneio, vagão-salão, com poltronas individuais, forradas de capas brancas e giratórias, para os veranistas que do Rio buscavam São Lourenço e Caxambu.
Os carros restaurantes prestavam um bom serviço à população de Passa Quatro: eles eram a salvação de muitas pessoas doentes, já que mercavam maças argentinas. Naquela época, acreditávamos que maça era fruta de doente… e ninguém as vendia na cidade.
A estação, nas épocas áureas, vivia cercada de carroças e charretes. Quase todo o fumo, milhares de arrobas por ano, era transportado para a estação, em carroças. Havia firma de tão grande movimento exportador que, quando marcava o dia da ex-portação, os despachantes da ferrovia avisavam as demais para que não levassem mercadorias ao armazém ferroviário.
Em 1927, segundo Heli Menegale, escrevendo na revista ELÉTRICA, de Itanhandu, a ferrovia arrecadara cerca de trezen-tos contos de réis em frete, a maior parte dos fumageiros. O Estado, nesse mesmo ano, amealhara cem contos, e o Governo Federal igual quantia, já a municipalidade, cento e cinqüenta contos de réis.
Não se sabe qual a misteriosa razão que levou ao abandono a malha ferroviária do país, tão importante como meio de transporte em qualquer parte do mundo, haja vista os modernos trens do Japão e da França.
Parece que há uma nova mentalidade surgindo para recuperar o que foi tão mal perdido. Ainda bem, já que uma ferrovia é, como sempre foi, incentivo ao progresso e foco de novas realizações.
Fonte: Conselho de Patrimônio Histórico de Passa Quatro.

Histórico do município: Remonta ao tempo da bandeira de Fernão Dias Paes Leme em 1674 a origem dessa cidade encravada na Serra da Mantiqueira no sul do Estado de Minas Gerais. Situada logo após um marco geográfico bastante notável na Serra, a Garganta do Embaú, por onde passou a expedição liderada por aquele bandeirante, teve sua localização descrita em documentos que dão origem ao nome da cidade. Consta também expedições de Jacques Felix, fundador de Taubaté, e seu filho de mesmo nome, em expedições anteriores, datadas de 1646, pela região que podem ter dado origem ao povoamento mais antigo. Este caminho ficou conhecido, mais tarde, como Caminho Velho da Estrada Real. No caminho descrito por André João Antonil, consta o nome do Ribeirão do Passatrinta, logo após a descida da serra da Amantiqueira, mas segundo nota de Andrée Mansuy Diniz Silva, o nome atual desse afluente do Rio Verde é Passaquatro, ou Passa Quatro.
A região começou a ser povoada mais ativamente na segunda metade do século XIX após ser elevado a Distrito em 1854, servindo de parada para quem atravessava a Mantiqueira e se dirigia à cidade de Pouso Alto pela Estrada Real (Caminho Velho). Em 1884, a antiga Estrada de Ferro Minas-Rio, construída pelos ingleses, contribuiu decisivamente para aumentar o povoamento e desenvolvimento da região, tendo tido em sua inauguração a presença do governante de então, o Imperador D. Pedro II. Em 1888 é separado de Pouso Alto e emancipado como município de Passa Quatro pela Lei 3.657 de 1° de setembro, passando esse dia a ser feriado municipal em comemoração do Dia da Cidade.
A cidade teve como autor de seu projeto inicial de saneamento e coleta pluvial o engenheiro sanitarista Paulo de Frontin, que hoje dá nome uma das praças da cidade, localizada no largo da estação ferroviária.
Em 1912 a cidade abrigou uma expedição científica internacional que veio estudar a ocorrência de um eclipse solar. Na ocasião, cientistas de diversos países, chefiados pelo astrônomo Henrique Morize, diretor do Observatório Nacional, compareceram junto com uma comitiva presidencial, onde estava o Marechal Hermes da Fonseca, presidente da república. O fenômeno foi pouco observado devido às más condições atmosféricas naquele dia.
Foi palco de dois episódios militares do século XX, as revoluções de 1930 e 1932 (em tal Revolução, atuou como médico no hospital municipal o futuro presidente Juscelino Kubitschek. Em 1941 foi considerada Estância Hidromineral pelas propriedades medicinais de várias de suas fontes de águas óligo-minerais, radioativas na fonte, principalmente devido à grande concentração de radônio e torônio.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Histórico das ferrovias no Brasil: A história das ferrovias no Brasil inicia-se em 30 de abril de 1854, com a inauguração, por D. Pedro II, do primeiro trecho de linha, a Estrada de Ferro Petrópolis, ligando Porto Mauá à Fragoso, no Rio de Janeiro, com 14 km de extensão. Mas a chegada da via à Petrópolis, transpondo a Serra do Mar, ocorreu somente em 1886.
Em São João del Rei (MG), o Museu Ferroviário preserva a história da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, criada em 1872. Seu percurso ligava a cidade de Sítio (atual Antônio Carlos) à Estrada de Ferro D. Pedro II (posteriormente, Central do Brasil), partindo daí para São João del Rei. Com novas concessões, a ferrovia Oeste de Minas se estendeu a outras cidades e ramais, alcançando, em 1894, um percurso total de 684 km, e foi considerada a primeira ferrovia brasileira de pequeno porte.
As dificuldades e desafios para implantar estradas de ferro no Brasil eram muitos. Procurando atrair investidores, o governo implantou um sistema de concessões, que se tornou característico da política de infra-estrutura do período imperial. Entre o final do século XIX e início do século XX os recursos, sobretudo dos britânicos, alavancaram a construção de linhas férreas.
A expansão ferroviária, além de propiciar a entrada de capital estrangeiro no país, tinha, também, o objetivo de incentivar a economia exportadora. Desta forma, as primeiras linhas interligaram os centros de produção agrícola e de mineração aos portos diretamente, ou vencendo obstáculos à navegação fluvial. Vários planos de viação foram elaborados na tentativa de integrar a malha ferroviária e ordenar a implantação dos novos trechos. Entretanto, nenhum deles logrou êxito em função da política de concessões estabelecida pelo governo brasileiro.
Fonte: Iphan.

Patrimônio Ferroviário: A Lei 11.483, de 31 de maio de 2007, atribuiu ao Iphan a responsabilidade de receber e administrar os bens móveis e imóveis de valor artístico, histórico e cultural, oriundos da extinta Rede Ferroviária Federal SA (RFFSA), bem como zelar pela sua guarda e manutenção. Desde então o Instituto avalia, dentre todo o espólio oriundo da extinta RFFSA, quais são os bens detentores de valor histórico, artístico e cultural.
O patrimônio ferroviário oriundo da RFFSA engloba bens imóveis e móveis, incluindo desde edificações como estações, armazéns, rotundas, terrenos e trechos de linha, até material rodante, como locomotivas, vagões, carros de passageiros, maquinário, além de bens móveis como mobiliários, relógios, sinos, telégrafos e acervos documentais. Segundo inventário da ferrovia, são mais de 52 mil bens imóveis e 15 mil bens móveis, classificados como de valor histórico pelo Programa de Preservação do Patrimônio Histórico Ferroviário (Preserfe), desenvolvido pelo Ministério dos Transportes, instituição até então responsável pela gestão da RFFSA.
A gestão desse acervo constitui uma nova atribuição do Iphan e, para responder à demanda, foi instituída a Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário, por meio da Portaria Iphan nº 407/2010, com 639 bens inscritos até 15 de dezembro de 2015. Para inscrição na Lista, os bens são avaliados pela equipe técnica da Superintendência do Estado onde estão localizados e, posteriormente, passam por apreciação da Comissão de Avaliação do Patrimônio Cultural Ferroviário (CAPCF), cuja decisão é homologada pela Presidência do Iphan.
Os bens não operacionais são transferidos ao Instituto, enquanto bens operacionais continuam sob responsabilidade do DNIT, que atua em parceria com o Iphan visando à preservação desses bens. Esse procedimento aplica-se, exclusivamente, aos bens oriundos do espólio da extinta RFFSA. Os bens que não pertenciam à Rede, quando de sua extinção, não são enquadrados nessa legislação, podendo, entretanto, ser objeto de Tombamento (Decreto Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, aplicado a bens móveis e imóveis), ou ao Registro (Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, aplicado ao Patrimônio Cultural Imaterial).
Fonte: Iphan.

CONJUNTO:
Patrimônio cultural ferroviário IPHAN

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Prefeitura Municipal
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Iphan
Estações ferroviárias
Conselho de Patrimônio Histórico de Passa Quatro
Iphan
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Manual Técnico do Patrimônio Ferroviário


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