Santa Maria – Casa Geminada da Vila Belga à R. Cel. Ernesto Beck, n° 2140


Imagem: Google Street View

A Casa Geminada da Vila Belga à R. Cel. Ernesto Beck, n° 2140 foi tombada pela Prefeitura Municipal de Santa Maria-RS por sua importância cultural para a cidade.

IPHAE – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
Nome Atribuído: Sítio Ferroviário de Santa Maria
Localização: Praça Procópio Ferreira, nº 86 – Santa Maria-RS
Número do Processo: 000548-11.00/99.8
Portaria de Tombamento: 30/00
Livro Tombo Histórico: Inscr. Nº 85, de 22/11/2000
Publicação no Diário Oficial: 14/11/2000

IPLAN/SM – Instituto de Planejamento de Santa Maria
COMPHIC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria
Nome Atribuído: Vila Belga – Casa Geminada
Localização: R. Cel. Ernesto Beck, n° 2140 – Centro – Santa Maria-RS
Resolução de Tombamento: Lei Municipal n° 2983-1988 e Decreto n° 161-1997

Tipo 3 – Edificação geminada com acesso pelos fundos e quatro janelas de guilhotina na fachada principal

Descrição: A Vila Belga constitui um conjunto de edificações construídas pela Compagnie Auxiliaire para seus funcionários. Sua denominação faz referência à nacionalidade da empresa e de seus primeiros moradores. Localizada próxima à Gare da Viação Férrea de Santa Maria, às unidades residenciais somam-se ainda a sede da Cooperativa de Consumo dos Empregados da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (CEVFRGS), seu clube e cinco armazéns. O conjunto foi projetado pelo engenheiro Gustave Vauthier, também de nacionalidade belga, possivelmente entre 1905-1909. Trata-se, portanto, de iniciativa relativamente pioneira no Rio Grande do Sul.

As unidades residenciais da Vila Belga, em número de oitenta, constituem-se em edificações térreas (algumas possuem porão), geminadas duas a duas e construídas sem afastamento frontal, embora possuam recuos laterais e quintais ao fundo. O conjunto se destaca pela variedade de tipos e tamanhos das unidades habitacionais, do posicionamento de suas aberturas (portas, janelas, etc) e de sua modenatura.

No processo de tombamento foram identificados cinco tipos: tipo 1 – edificação geminada com acesso pela fachada lateral e quatro janelas de guilhotina (duas por unidade) na fachada principal; tipo 2 – edificação geminada com quatro janelas de guilhotina (duas por unidade) separadas por duas portas lado a lado na fachada principal; tipo 3 – edificação geminada com acesso pelos fundos e quatro janelas de guilhotina na fachada principal; tipo 4 – edificação geminada com acesso e seis janelas de guilhotina na fachada principal (três por unidade); tipo 5 – edificação geminada com acesso, quatro janelas de guilhotina (duas por unidade) e portas afastadas uma da outra na fachada principal.

Em um levantamento de 1920, não obstante, aparecem nove tipos com três variações. Em um primeiro momento, imaginou-se que a diferença devia-se a tipos que não foram construídos ou desapareceram. Entretanto, comparando o levantamento com uma reconstituição aerofotogramétrica dos anos 90, chegou-se a conclusão que, dos quatro tipos apontados como inexistentes, um foi demolido ou realmente não foi construído, um foi completamente descaracterizado e os outros dois constituem disposições diferentes em planta que apresentam a mesma elevação.

Além dessa variação de tipos (em planta e volumetria) e do número e posição diferente das aberturas, a modenatura – o conjunto das molduras e da ornamentação – não se repete em nenhuma edificação geminada. Assim, são quarenta tipos diferentes, conferindo individualidade e variedade às habitações, apesar da unidade do conjunto.
Fonte: Ricardo Rocha.

Descrição: O sítio tombado contém os seguintes prédios: Estação Férrea; Colégio Manoel Ribas; Vila Belga – 40 casas geminadas (80 moradias) e prédios da COOPFER (Cooperativa dos Funcionários da Ferrovia).

A implantação do sistema ferroviário foi fator fundamental no desenvolvimento econômico, social e cultural do interior do Rio Grande do Sul no final do século 19. A cidade de Santa Maria, no processo de expansão do sistema ferroviário do Rio Grande do Sul, ganhou importância dentro da malha ferroviária gaúcha e, ao final do século 19, já comandava o tráfego dos trens que cortavam o Estado. Por sua posição privilegiada, localizada na região central do Rio Grande do. Sul, tornou-se o ponto de cruzamento de todas as linhas férreas e chegou a sediar a Diretoria da Compagnie Auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil, a companhia belga que em 1898 arrendara a rede ferroviária gaúcha.

Embora o trecho ferroviário entre Porto Alegre e Uruguaiana tenha sido inaugurado em 1885, o prédio original da Estação de Santa Maria (sobrado central) foi construído somente 15 anos depois, em 1900 aproximadamente. A Estação Santa Maria foi construída em terreno doado por Ernesto Beck e provavelmente já estivesse pronta em 1885, embora o pesquisador local Antonio Isaia aponte o ano de 1900 como o de sua inauguração.

Inicialmente existiu apenas a edificação central de dois pavimentos e um anexo térreo a leste, que já não existe mais. No começo da década de 1920, já com a VFRGS na administração da rede ferroviária, foi construída a plataforma coberta para embarque e desembarque de passageiros. Alguns anos depois foram construídos os armazéns da ala oeste e modificados os existentes na parte leste do núcleo central. Ao longo dos anos várias outras modificações foram feitas. Em 1923, um incêndio destruiu os escritórios da VFRGS e, em 1926, houve uma explosão de bomba. Nos últimos anos em que a estação esteve desativada, houve outros incêndios.

Em 1907 (data mais provável) foi inaugurada a Vila Belga, para alojar os funcionários da Auxiliaire. A cidade passou por uma fase de grande desenvolvimento na área da educação e de um forte movimento sindical. Em 1913 foi fundado o Sindicato Cooperativista dos Empregados da VFRGS. O atual Colégio Estadual Manoel Ribas foi inaugurado em 1930, como escola de artes e ofícios voltada para a educação feminina. O prédio foi restaurado em 1997.
O tráfego de passageiros foi extinto no início da década de 1980. Alguns dos espaços da Estação foram alugados ou cedidos às empresas atacadistas ainda usuárias do transporte ferroviário. Após a privatização da RFFSA, em 1997, o prédio da Estação Santa Maria ficou em estado de abandono. Em 1999 houve novo incêndio. Neste mesmo ano foi firmado convênio com a prefeitura para o uso da Estação. A Mancha Ferroviária foi tombada pelo município em 24.08.2000, pelo decreto 285/00.
Fonte: Iphae.

CONJUNTO:
Santa Maria – Sítio Ferroviário

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Ricardo Rocha
Anna Eliza Finger


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